19/01/2025 - viver devagar

"já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.”

viver devagar

“já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.”

Viver devagar
FIRST THINGS FIRST

(Imagem: Pinterest)

Viver devagar é que é bom, e entreviver-se, amando, desejando, sofrendo, avançando e recuando, tirando das coisas ao redor uma íntima compensação, recriando em si mesmo a reserva dos outros e vivendo em uníssono. Isso é que é viver, e viver afinal é questão de paciência.

- Fernando Sabino

Nesse trecho, Fernando Sabino faz uma profunda reflexão sobre a nossa forma de viver. Com algumas palavras, ele sugere que a vida, em sua plenitude, deve ser apreciada atentamente.

  • Ao dizer que “viver devagar que é bom” ele propõe uma desaceleração da vida moderna, tão marcada pela pressa e pelo imediatismo.

Acontece que muita gente passa os dias da semana indo da casa pro trabalho e do trabalho pra casa, rolando o feed das redes sociais, pagando boletos e sofrendo por possíveis problemas do futuro.

Mas como já dizia Martha Medeiros, “morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.”

Assim, pra sair da mesmice, Fernando Sabino usa o verbo "entreviver-se” e sugere que a vida não é linear nem simples, mas feita de ciclos e nuances que nos moldam constantemente.

  • Seguindo essa ideia, ele diz que a gente deve viver “tirando das coisas ao nosso redor uma íntima compensação”.

Mas essa compensação não diz respeito a nenhuma conquista material, e sim a uma forma de encontrar significado e consolo nas experiências cotidianas.

Amando, desejando, sofrendo, avançando e recuando. Porque viver é uma questão de saber esperar o tempo certo, de permitir que as coisas se desenrolem de forma natural. Sem pressa.

Por isso ele finaliza o trecho dizendo que viver afinal é questão de paciência. Pois só quem tem paciência e atenção percebe a beleza do que acontece, seja nas alegrias ou nos sofrimentos.

Parafraseando, novamente, Martha Medeiros, “já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.”

Sure Thing
BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL

(Imagem: VSCO)

A história do Eduardo e da Beatriz começou em 2023. Mas não como uma história de amor.

Eles estavam na mesma turma da faculdade, no meio do semestre. Na época, os dois estavam solteiros e focados em prioridades diferentes.

Beatriz não pensava em namorar. Eduardo, por outro lado, sentia que uma namorada seria tudo na sua vida — e dizia pra todo mundo que queria namorar, casar e ter filhos o mais cedo possível.

Poderíamos dizer que essa foi uma história de amor à primeira vista, mas não estaríamos sendo fiéis aos fatos. De início, eles nem repararam um no outro e mal se cumprimentavam.

  • Na verdade, Eduardo sempre achou a Beatriz muito bonita. Falava isso com todo mundo, mas acreditava que ela era meio “out of his league”.

Fim de primeiro semestre, férias chegaram. Após alguns meses, o retorno acadêmico veio, mas a relação seguiu da mesma maneira. Pouco contato, alguns olhares trocados, mas nenhum resquício de amor no ar.

Com o passar dos meses, algo mudou. Eduardo passou a dizer “bom dia, Beatriz”, todos os dias, sempre acompanhado de um sorriso sincero. Ela respondia da mesma maneira.

Aos poucos, a simples saudação evoluiu para “como foi seu final de semana?”, e sucessivas tentativas de puxar assunto. Assim, bem devagarinho, uma pequena conversa iniciava-se todos os dias.

  • Em uma dessas conversas, sem nenhum contexto, Eduardo disse que queria ter 7 filhos. Beatriz achou engraçado.

Depois disso, ele a seguiu no Instagram. Queria ver mais de perto o que acontecia. Ela aceitou e seguiu de volta.

O clima estava melhorando. Conversavam alguma coisinha quase todos os dias. Ainda daquele jeito, sem nenhuma intenção por trás — pelo menos não diretamente.

Férias de meio de ano chegaram. Ambos ficariam sem se ver durante um mês, mas não existia saudade. Não passava pela cabeça de nenhum deles que estariam juntos.

Até que um pequeno episódio mudou tudo. No meio das férias, Eduardo postou um story no seu trabalho. Beatriz viu e respondeu: “não consegui me conter, parabéns Eduardo kkkkkkkk”.

  • O gesto foi pequeno, mas pra ele mudou tudo — se ela respondeu meu stories, alguma chance eu tenho.

Uma semana depois, um evento inusitado aconteceu. Eduardo e Beatriz são novos, mas têm espírito de velho: detestam sair. Ou seja, uma festa seria o último lugar possível pra eles se encontrarem.

Mas era aniversário de um amigo do Eduardo, e todo mundo estava indo pra uma balada famosa em São Paulo. Também era aniversário de uma amiga da Beatriz, que comemorou no mesmo lugar.

Lá pela 1h da manhã, surge uma mão por trás do Eduardo e uma voz conhecida — “não acredito que você está aqui”.

  • Beatriz dizia isso enquanto segurava uma Ice quente. Eduardo, com muito frio na barriga, respondeu algo parecido.

Eles se grudaram. Flertaram à noite inteirinha. Os amigos perceberam que tinham perdido os dois. O clima estava instaurado.

Eduardo pediu para beijá-la umas 15 vezes (sem exagero). Beatriz deu fora em cada uma delas, e disse que não o beijaria pois não o conhecia direito — “não te conheço, nunca conversamos. Você pode ser um louco, ué”.

Eles se conheciam há um ano, mas o Eduardo achou aquilo engraçado, e respondeu dizendo: vamos nos conhecer então. Vou te chamar para jantar. Beatriz disse que topava o convite.

No dia seguinte, ele mandou uma mensagem: “adoraria te chamar pra sair e ter a oportunidade de te mostrar que eu não sou um louco.” Ela riu, e ele respondeu: “te busco aí na quarta-feira, 20h.”

Nas palavras do Eduardo, o primeiro encontro foi espetacular. Algo que ele nunca tinha vivido antes. Foi como voltar pra casa depois de um dia longo e exaustivo. Como mergulhar no mar em um fim de tarde.

Conversaram muito, riram muito, o papo fluiu e o lugar era uma delícia. Ao final, na despedida, veio o primeiro beijo, dentro do carro e ao som de Sure Thing — que, até hoje, é a música do casal.

  • A partir desse dia, não se desgrudaram mais. Eduardo, que mora na Zona Sul, passou a cruzar a cidade para encontrar Beatriz na Zona Norte toda semana.

As quintas-feiras, antes comuns, passaram a ser chamadas de “nossas quintas-feiras”. E eles permanecem nesse esquema até hoje, sem falhar. Quintas são do casal.

Foi então que, no dia 5 de outubro de 2024, em um restaurante italiano que Beatriz adora, sem planejar nada e sem sair de casa com essa intenção, Eduardo sentiu a necessidade de dar nome a esse relacionamento.

Com o bom humor que sempre acompanhou os dois, ele mudou sua cadeira de lugar, aproximou-se da Beatriz e disse: “eu sei o que você é: linda, educada, companheira e inteligente. Eu sei o que você não é minha namorada. Aceita namorar comigo?”.

O convite foi aceito. De lá pra cá, a relação tem ficado cada vez mais intensa. O primeiro eu te amo já saiu — e os dois fazem questão de repetir todos os dias, pra lembrarem o quanto esse relacionamento é raro.

Passaram o Ano Novo juntos. Viajaram juntos. Querem uma vida juntos. Eduardo ainda tenta conquistar seu sogro, o que tem sido uma difícil tarefa — mas ele acha que dá conta do recado.

Amanhã, dia 20 de janeiro, é aniversário da Beatriz. Eduardo escolheu relembrar essa história, de surpresa, pra poder surpreender a pessoa que o faz tão feliz. Cada dia mais.

Parabéns, meu amor. Quero você comigo pra sempre. Minha surpresa, meu amor, minha paz. Você me ensinou o que é amar e ser amado. Desejo a você as mesmas coisas que desejo para mim mesmo. Te amo e não é pouco.

Ficou curioso pra conhecer o Eduardo e a Beatriz? Eles já apareceram no nosso Instagram. 🧸

Lovely Sunday 🌻

EDITOR’S PICK

(Imagem: VSCO)

Delícia de domingo. Aproveite o quentinho da nossa história de amor, siga as nossas dicas e seja feliz. 🧸

  1. Vi-ci-an-te. A estagiária começou a ler esse livro nas férias — e devorou ele inteiro em apenas um dia. 📚

  2. Só para maiores de 18. Esse filme — que está em cartaz nos cinemas — é sensual, envolvente e bem profundo. 🍿

  3. Já que ainda é verão, aqui estão os passos indispensáveis pra ficar com aquele bronzeado perfeito. 🌞

  4. Pão com ovo é bom, mas essa receita de pão com ovo é uma das melhores coisas já inventadas. 🥖🍳

  5. Sua rotina te cansa? Talvez esse recado seja pra você. 👀

  6. Pra finalizar, a estagiária escreveu essa edição — e algumas outras — escutando essa música. ❤️

Amar é perder para depois se encontrar

CARTA ABERTA

(Imagem: We Heart It)

Meu amor, 

Decidi fazer dessa carta, além da celebração padrão do meu amor por você, um espaço de resoluções para o nosso 2025. 

Quando você terminar de ler eu vou te perguntar o que você acrescentaria e/ou mudaria, então já vai se preparando — mas presta atenção na carta, eu posso te dar um tempinho para pensar hahaha. 



Quero começar torcendo para que a gente se goste ainda mais, por motivos diferentes, novos. Que a gente tenha muito pelo que vibrar um pelo outro — não só motivos profissionais, mas também por eu conseguir fazer a minha primeira flexão ou por você ter terminado o Invisalign. 

Que os domingos — e a domingueira — não sejam tão difíceis. Que as nossas próximas oportunidades de escolha nos permitam aproximação. Que a distância, que sei que conseguiremos minimizar, seja apenas uma saudade constante, uma vontade imensa de estar junto. 

Tenho lido muito o the stories — mar de referências para emocionados — e li por lá uma frase da Cecília Meirelles que diz que nossos dias são feitos de “pequenos desejos, vagarosas saudades e silenciosas lembranças”. 

Viver um amor tranquilo é gostoso demais, mas a verdade é que toda história de amor tem um desafio, a grande inspiração para as cartas de amor. O nosso principal talvez tenha a ver com os quilômetros. 

Se pararmos para pensar, a saudade é tipo um superpoder da vida adulta. Enquanto crianças desejamos viajar no tempo; adultos entendemos que a saudade nos permite parar no tempo. 

Por fim, eu não sou tão silenciosa, já até te listei em carta as minhas lembranças favoritas, mas ainda assim você se surpreenderia com a quantidade de vezes que eu sorrio ao lembrar do dia em que você me contou, lá em Tiradentes, que a música “Mais Ninguém” te fazia lembrar de mim. E mais: me pego pensando… será que ele estava ouvindo a música aleatoriamente e, ao prestar atenção na letra, pensou: “nossa, me sinto assim com ela”? Ou será que ele já estava pensando em mim antes e, pelas contingências dessa vida, a música começou a tocar? Ou será pelo trecho: “preciso me ver só, pra me fazer maior. Mas quando você vem, eu fico melhor”. 

Bom, pra mim é… Nos últimos 4 anos, assim como tenho ressignificado a saudade, venho ressignificando os meus motivos para celebrar nosso tempo juntos. 

Nosso aniversário me coloca para refletir sobre como nossa história é feita de realizações compartilhadas, de mudanças de rota, de tantos sonhos e planos… e ao me fazer sonhar, também me faz voltar para as resoluções:

Que seja mais um ano extraordinário, repleto de paisagens bonitas, de comidas gostosas e experiências diferentes. Mas que nada de extraordinário ofusque a beleza do amor que já está aqui e da simplicidade do nosso dia a dia — por FaceTime ou no sofá assistindo série.

Também espero que nos seus dias você me deseje mais, sinta muita saudade de estar junto e crie várias lembranças para compartilhar comigo quando voltar.

Por fim, segue o trecho que li no the stories e que me colocou aqui para escrever: “no final, o amor é uma poesia que abraça o contraditório: ele tem urgência de proximidade, mas aceita que a distância, por vezes, é inevitável. Ele oscila entre o prazer da espera e a dor do não saber. Amar é perder para depois se encontrar. Amar é se dar e se ter. E, mesmo que o amor urgente nos arraste para a beira do abismo, ele nos ensina a saltar, a viver o instante, e a correr para te encontrar a cada novo dia.” Lindo, né?!

Te amo, amor. E amo que estamos celebrando 4 anos de algo bom. Feliz dia 31 antecipado y buen viaje!

Com carinho,

Ana.

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