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antes tarde do que mais tarde
criar expectativa pode ser um atalho para a frustração. às vezes é mais fácil não esperar nada de ninguém. mas calma: a decepção passa — e abre espaço pra coisa melhor.
This is not a love story
FIRST THINGS FIRST
500 Days of Summer (500 Dias com Ela) parece uma comédia romântica, mas, na verdade, é um filme sobre término de relacionamento — e isso não é um spoiler.
A história começa com Tom Hansen (Joseph Gordon) arrasado por ter levado um pé na bunda de Summer (Zoey Deschanel). Desiludido e sem rumo, Tom relembra os 500 dias que passou ao lado da ex para tentar descobrir onde o amor se perdeu.
Quando o filme foi lançado, em 2009, a maioria dos espectadores culpava Summer pelo fim da relação — “tem que ser muito fria e insensível para dar um fora no bonzinho do Tom, né?”
12 anos depois… a interpretação mudou bastante.
Ainda que alguns continuem considerando Summer a vilã da história, muitos afirmam que as expectativas criadas por Tom foram obras de sua cabeça, sendo injusto culpar Summer por não as corresponder — quem nunca?
Esteja você do lado de um ou do outro, uma coisa o filme ensina: não há como forçar o amor. Tom busca uma justificativa para o fim do relacionamento, mas a verdade é que apontar um culpado não muda os fatos — nem traz a pessoa amada de volta.
Enfim, como a interpretação da arte cabe a quem aprecia, a nossa dica é: assista ao filme e tire suas próprias conclusões (disponível no Telecine).
P.S.: está liberado usar como indireta para quem costuma planejar o casamento no primeiro date — e ainda tem coragem de culpar o crush pela quebra de expectativa (risos).
BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL
Garrafa lançada ao mar
Em 1958, Mary se mudou para a Suíça. Conheceu um rapaz chamado Raymond, com quem teve a felicidade de viver 6 meses de uma relação muito leve e prazerosa.
No auge de seus 18 anos não sabiam muito sobre a vida, mas as palpitações no peito não deixavam dúvidas: estavam apaixonados.
Quando Mary retornou ao Brasil, os dois perderam contato. As ligações eram impossíveis e as cartas demoravam meses para chegar — quando não se perdiam no caminho.
Dizem que a paixão aumenta em razão dos obstáculos que se lhe opõem. No caso dos dois, o amor permaneceu vivo mas as circunstâncias os obrigaram a seguir caminhos distintos — ele na Suíça e ela no Brasil — ambos acreditando que jamais se veriam novamente.
Realmente os caminhos não se cruzaram e eles nunca mais se falaram — nem tiveram notícias um do outro.
Mary teve três longos casamentos e Raymond casou-se uma única vez, ficando viúvo em 2012.
Até que, 55 anos depois... Mary recebeu uma carta de Raymond, com as seguintes palavras:
“Em 1958, em Lausanne, tive a oportunidade de conhecer uma charmosa brasileira que eu tinha o prazer de chamar pelo nome do delicioso perfume de Guerlain que lhe caia tão bem... “Mitzuoko”...
Durante alguns meses ela frequentou a mesma escola que eu, o Instituto Atheneum, seu pai teve a honra de representar o Brasil na exposição Universal de Bruxelas.
Portanto, se meu nome e estas palavras têm algum significado para você, tenha a gentileza de me confirmar, parece-me que esta poderia ser um ocasião maravilhosa de simplesmente trocarmos algumas palavras, algumas memórias…
P.S.: Eu lhe envio esta carta um pouco como quem lança uma garrafa ao mar!... “
Segundo Rubem Alves, cartas de amor são escritas não para dar notícias, mas para que mãos separadas se toquem ao tocar a mesma folha de papel. O turbilhão de emoções sentidas há 55 anos pareciam mais vivas do que nunca — a ausência tinha cheiro, gosto e toque.
Era maio de 2014 e Mary, aos 74 anos, jamais esperava tamanha surpresa.
Voltaram a se falar — primeiro por e-mail e depois por Skype. Neste período, puderam se reconhecer e descobrir que ainda tinham muito em comum. Mais uma vez, Raymond a conquistou.
Em julho, Mary foi para a Suíça e 1 semana depois Raymond a pediu em casamento.
Há 7 anos comemoram este reencontro com muita alegria e vontade de viver. As memórias de quando eram jovens permanecem vivas, mas as que estão criando hoje conseguem ser ainda mais especiais.
O amor não tem idade e é pontual: chega sempre na hora certa.
No caso dos dois, demorou um pouco — 55 anos para sermos mais exatos — e foi preciso um golpe de loucura (leia-se: garrafa lançada ao mar) para que o destino fosse traçado, mas o desfecho não poderia ser diferente: era pra ser.
Domingo de manhã ❤️
EDITOR'S PICK
Mais importante do que a companhia de sábado à noite, é aquela que você quer estar junto no domingo de manhã. Escolha bem com quem compartilhar nossas dicas — e o resto da semana também. 😉
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Em comemoração aos 50 anos do autor, nossa indicação de leitura hoje vai para “O paraíso são os outros” de Valter Hugo Mãe. Na obra, o escritor desmente o pensamento de Sartre, de que o inferno são os outros e mostra que o paraíso pode ser único, mas só existe quando estamos acompanhados. 📚
Ainda no clima de cartas de amor, sempre vale a pena ver (ou rever) o filme Cartas para Julieta, disponível no Netflix, Amazon Prime e Telecine. 💌
Ficou curioso para saber mais sobre Mary e Raymond? Separamos algumas fotos do casal em nosso Instagram. Clique e confira. ❤️
O clipe de Não Passa Vontade - AnaVitória e Duda Beat, reproduz cenas de vários filmes famosos — inclusive 500 Dias Com Ela. Assista e nos conte quais outras referências cinematográficas você conseguiu pegar. 🎶🍿
O GIF lindo e delicado da história é — mais uma vez — obra da talentosíssima Elisa Bax. Entre em seu perfil para ver mais. 👀🎨
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A próxima pode ser a sua 💌
FINAL NOTES
Gostou da história que leu? A próxima pode ser a sua. Conte pra gente aquela história de amor que só você sabe e tem dentro de si. Afinal, todo mundo tem a sua.
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Nem sempre com final feliz, mas sempre verdadeiras. Histórias de quem realmente sentiu algo sincero diretamente entregues na sua caixa de entrada.
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