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vida nova
domingo, 29 de dezembro: "pule 7 ondinhas e coma 12 uvas, mas naÌo se esqueça: jamais haveraÌ ano novo se voceÌ continuar repetindo os erros dos anos velhos."
vida nova
pule 7 ondinhas e coma 12 uvas, mas nĂŁo se esqueça: jamais haverĂĄ ano novo se vocĂȘ continuar repetindo os erros dos anos velhos.
Pra entrar no clima da histĂłria de hoje, a nossa dica Ă© começar a leitura escutando essa mĂșsica aqui. đ
Receita de Ano Novo
FIRST THINGS FIRST
(Imagem: Pinterest)
Para vocĂȘ ganhar belĂssimo Ano Novo
cor do arco-Ăris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo jå vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para vocĂȘ ganhar um ano
nĂŁo apenas pintado de novo, remendado Ă s carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontĂąneo, que de tĂŁo perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
vocĂȘ nĂŁo precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
nĂŁo precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
NĂŁo precisa
fazer lista de boas intençÔes
para arquivĂĄ-las na gaveta.
NĂŁo precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as naçÔes,
liberdade com cheiro e gosto de pĂŁo matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
vocĂȘ, meu caro, tem de merecĂȘ-lo,
tem de fazĂȘ-lo novo, eu sei que nĂŁo Ă© fĂĄcil,
mas tente, experimente, consciente.
Ă dentro de vocĂȘ que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
No poema âReceita de Ano Novoâ, Carlos Drummond de Andrade faz uma brincadeira com a nossa crença de que apenas um nĂșmero Ă© capaz de mudar a nossa vida.
Como se pular 7 ondinhas, comer 12 uvas e beber champanhe ou qualquer outra birita conseguisse mudar alguma coisa no ano que estĂĄ chegando.
Roberto Pompeu de Toledo bem disse que quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivĂduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustĂŁo.
Doze meses Ă© tempo suficiente pra qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. AĂ entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, sĂł que com outro nĂșmero.
Mas como lembra Drummond, não adianta esperar que a mudança de calendårio vå mudar a sua vida.
A verdade Ă© que o clichĂȘ Ă© real: todo dia Ă© ano novo e sempre que o sol nasce, temos a oportunidade de fazer diferente.
Em vez de fazer mil promessas grandiosas e esperar que tudo se resolva em 2025, talvez seja melhor enxergar 2024 com mais generosidade.
Porque ainda que vocĂȘ nĂŁo tenha cumprido todas as suas metas, vocĂȘ fez o que dava conta de fazer. E isso nĂŁo Ă© um convite pro comodismo, mas um lembrete de que nĂŁo dĂĄ pra mudar o futuro sentindo raiva do presente.
No dia da virada, pule 7 ondinhas e coma 12 uvas. Use roupa branca e beba espumante, mas nĂŁo se esqueça: jamais haverĂĄ ano novo se vocĂȘ continuar repetindo os erros dos anos velhos.
âEm 2025 eu vouâŠâ
ENQUETE DO THE STORIES
(Imagem: VSCO)
Começar a me exercitar, ler um livro por mĂȘs e reclamar menos. Dezembro vai chegando ao fim, e muita gente aproveita pra fazer as famosas âmetas pro ano seguinteâ.
HĂĄ quem diga que esse vision board Ă© essencial pro inĂcio do ano. Outros dizem que fazer metas sĂł aumenta a ansiedade e tira o foco do progresso.
Em qual time vocĂȘ estĂĄ? |
E o que vocĂȘ mais quer em 2025? |
PĂŁo na chapa com amor
BASEADO EM UMA HISTĂRIA REAL
(Imagem: We Heart It)
O ano era 2018. JĂșlia estava hĂĄ 5 anos solteira. Isso mesmo. Cinco anos frequentando ambientes insalubres, bebendo drinks de procedĂȘncia duvidosa e indo pra dates com desconhecidos.
Ela sabe que a vida de solteira nĂŁo se resume Ă balada pra todo mundo, mas a dela se resumia.
Brincadeiras Ă parte, antes disso, JĂșlia passou toda a sua adolescĂȘncia em um relacionamento bem mais ou menos, entĂŁo resolveu recuperar o tempo perdido. E bota recuperação nisso.
Quando finalmente conseguiu terminar esse seu antigo namoro, ela prometeu pra ela mesma que sĂł entraria em um relacionamento quando se sentisse pronta. Sabia que a sua liberdade valia muito.
Enfim, voltando pra histĂłria, o ano era 2018 e todo mundo que a JĂșlia conhecia ia passar a virada na Praia da Pipa, no Rio Grande do Norte.
Ela jĂĄ organizou a viagem da turma, fechou uma casa de frente pra praia e conseguiu desconto no pacote de festa pra todos os amigos.
Pelo inĂcio do texto, a JĂșlia pensa que os leitores do the stories estejam imaginando que ela sempre foi muito plena e bem resolvida, mas Ă© claro que a histĂłria nĂŁo era bem assim.
Inclusive, entre fases boas e ruins, 2018 nĂŁo estava nas melhores. Depois de uma sequĂȘncia de dates ruins e quebra de expectativas, ela jĂĄ estava meio desanimada com a sua vida amorosa.
Mas ela sempre acreditou no amor. Sempre sonhou com um relacionamento que durasse a vida inteira. NĂŁo precisava ser perfeito, mas ela queria que tivesse gosto de lar. Gosto de pra sempre.
Enfim, o inĂcio da viagem foi como o inĂcio de 2018: beijos ruins e quebras de expectativas. Mas com mĂșsica boa e risadas.
Apesar de tudo, a JĂșlia lembra que se sentia feliz. Se sentia pronta. Na virada do ano, nĂŁo tinha ninguĂ©m na cabeça, mas fez um pedido: que 2019 fosse um ano com amor. Seja ele qual for.
E 2019 chegou. Os fogos de artifĂcio fizeram festa no cĂ©u, todo mundo se abraçou, o espumante barato desceu redondo e os casais apaixonados deram beijos e fizeram juras de amor.
Nesse dia, JĂșlia nĂŁo beijou ninguĂ©m. Como boa âinimiga do fimâ, curtiu a festa atĂ© o Ășltimo minuto, mas ficou sĂł na sua roda de amigos. Afinal, o amor nĂŁo costuma chegar numa festa de Ano Novo, nĂ©?
Na hora de ir embora, o sol jĂĄ tinha nascido. Todo mundo foi pro after, mas a JĂșlia estava morrendo de fome e sĂł queria dormir.
Trocou o pós pela padaria, e pediu um pão na chapa com café. Logo atrås dela, Pedro pediu o mesmo. Ela descobriu o nome porque ele se apresentou, e disse que pão na chapa com café era o seu café da manhã de todos os dias.
Eles sentaram juntos na calçada, e descobriram que eram da mesma cidade e trabalhavam na mesma rua. Provavelmente jå haviam se visto. Com certeza nunca tinham se enxergado.
Ela era arquiteta e ele era advogado. Ele disse que admirava muito quem tinha um senso estético aguçado. Ela disse que nunca tinha conhecido um advogado gente boa. Ele riu e concordou.
Na hora de se despedir, eles nĂŁo trocaram contato. A JĂșlia nĂŁo sabia o sobrenome do Pedro pra procurar no Instagram. A Ășnica coisa que ela lembrava era a padaria que ele disse que tinha âo melhor pĂŁo na chapa de SĂŁo Paulo.â
O rĂ©veillon acabou e o expediente voltou. Como quem nĂŁo quer nada, jĂĄ na segunda, JĂșlia foi na tal padaria experimentar o pĂŁo na chapa.
O Pedro nĂŁo estava lĂĄ, mas o lugar era bem raiz mesmo, do jeitinho que ele falou. A JĂșlia pediu um pĂŁo na chapa, e se surpreendeu quando sentiu uma mĂŁo no seu ombro: vocĂȘ por aqui?
Eles sentaram juntos, e, dessa vez, trocaram contato. Combinaram de jantar na quinta-feira, e trocaram o pão na chapa com café por uma garrafa de vinho e uma tåbua de frios.
No såbado, almoçaram em um bar no Copan, e perderam a conta de quantas cervejas beberam. No domingo, deram uma caminhadinha na praça e jå combinaram a programação da sexta seguinte.
TrĂȘs meses depois, estavam namorando. Um ano depois, juntaram as escovas de dente.
No ano passado, JĂșlia e Pedro resolveram oficializar o compromisso. Desde pequena, ela sonhava em casar-se na Toscana, ao som de Andrea Bocelli e com uma fila enorme de padrinhos.
Com muitos boletos pra pagar, eles se casaram em um cartĂłrio sujo, Ă s 12h de uma terça-feira. Mesmo longe da ItĂĄlia, JĂșlia tinha tudo que precisava pra ser feliz: ela e o Pedro, sem pressa e com muito amor.
Esse ano, o pĂŁo na chapa da virada vai ser na cama. Eles resolveram passar o Ano Novo longe da muvuca, mas jĂĄ estĂŁo combinando a viagem de Carnaval porque o espĂrito festeiro nĂŁo morre nunca.
Pra quem estĂĄ desiludido do amor, o conselho da JĂșlia Ă© acreditar. Acreditar e ficar atento. Ă preciso um milagre qualquer pra que o amor se instale â mas ele sĂł entra se a porta estiver aberta.
Happy New You đ€
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(Imagem: Pinterest)
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Entre a festa e a solidĂŁo
PITACOS FEAT. ZĂ KAPPAZ
(Imagem: X)
Fim de ano no Brasil é um ensaio de contradiçÔes. Enquanto o mundo lå fora se veste de neve e casacos grossos, aqui a gente tenta sobreviver ao sol de 40 graus com piscininha de plåstico e ventilador barulhento. Os shoppings fingem um Natal europeu, mas do lado de fora, o asfalto queima e os chinelos derretem.
No meio disso, surge aquele clima Ășnico que sĂł dezembro traz. As luzes pisca-pisca tremem nas varandas e postes, meio derretendo, como quem tambĂ©m sente o peso do calor. Tem um ar de festa, mesmo que a vida nĂŁo tenha sido muito gentil com a gente no ano que passou. Dezembro Ă© sobre fazer vista grossa pro saldo bancĂĄrio e abrir o coração â ou pelo menos a geladeira.
Manoel de Barros diria que o ano termina como termina o voo de uma libĂ©lula: ânĂŁo termina, mas muda de direçãoâ. E a gente, feito libĂ©lulas tateando o invisĂvel, busca algum motivo pra sorrir no Ășltimo gole de um espumante barato.
As festas tĂȘm cheiro de comida simples e sabor de reencontros. A maionese, tradição inabalĂĄvel, enfrenta o calor na geladeira; o churrasco, sempre democrĂĄtico, une primas distantes, cunhados e aquele vizinho que veio sĂł porque ouviu o som da mĂșsica. A sobremesa Ă© uma guerra fria entre o pavĂȘ e a rabanada, e, sim, alguĂ©m vai fazer a piada do âĂ© pavĂȘ ou pacomĂȘ?â como se fosse a primeira vez.
De noite, quando o calor dĂĄ uma trĂ©gua e as estrelas aparecem â tĂmidas, porque na cidade grande o cĂ©u nunca estĂĄ limpo â, hĂĄ uma quietude que ninguĂ©m explica direito. Talvez seja a soma de todos os brindes, ou aquela saudade do que ainda nem foi. Rubem Braga sempre dizia que o silĂȘncio do verĂŁo Ă© diferente, como se as cigarras deixassem um espaço pra gente escutar nossos prĂłprios pensamentos.
Mas o calor continua lĂĄ, Ăntimo e invasivo, grudado na pele e nos afetos. Ă engraçado como, mesmo no sufoco do verĂŁo brasileiro, a gente consegue dar um jeito de achar graça, de brindar, de cantar âEntĂŁo Ă© Natalâ pela milionĂ©sima vez, com um copo de cerveja quente na mĂŁo.
Porque, no fim das contas, o Brasil Ă© isso: um improviso constante entre o caos e a beleza. E, como Manoel de Barros diria, o que vale mesmo Ă© a âpoesia de andar assim, meio tropeçando, entre a festa e a solidĂŁoâ.
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