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como já dizia vhm, “o amor constrói. gostarmos de alguém, mesmo quando estamos parados durante o tempo de dormir, é como fazer prédios ou cozinhar para mesas de mil lugares.”
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como já dizia vhm, “o amor constrói. gostarmos de alguém, mesmo quando estamos parados durante o tempo de dormir, é como fazer prédios ou cozinhar para mesas de mil lugares.”
Pra entrar no clima da história de hoje, a nossa dica é começar a leitura escutando essa música aqui. ❤️
No Meio do Caminho
FIRST THINGS FIRST
(Imagem: Pinterest)
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra
- Carlos Drummond de Andrade
Assim que publicado, o poema No Meio do Caminho foi profundamente criticado pela sua simplicidade e repetição.
Porém, com o passar do tempo, ele foi compreendido pelo público — até virar um cartão postal da obra de Carlos Drummond de Andrade.
Inclusive, uma das teorias sobre a origem do poema remonta para a própria biografia do autor.
Drummond se casou em 26 de fevereiro de 1926, com Dolores Dutra Morais. Um ano depois, nasceu o primeiro filho do casal, Carlos Flávio, que sobreviveu apenas por meia hora.
O poema No Meio do Caminho foi o primeiro que ele publicou depois da tragédia, tornando-se uma espécie de “túmulo” para o seu filho — bem como uma lição sobre como ele processou o luto.
As pedras no caminho, então, podem ser os obstáculos ou problemas que a gente inevitavelmente encontra na vida.
Inclusive, a repetição dos versos mostra que esses problemas nunca deixam de existir. Porque mesmo quando a gente tira a pedra do caminho, é só andar mais um pouco que logo aparece outra.
E ainda que seja difícil, em uma relação amorosa ou em qualquer outro âmbito da vida, a gente só anda pra frente quando reconhece — e aceita — a existência dos obstáculos.
Em algum momento, a visão se turva, o passo vacila e surge algo inesperado. É no desvio que a vida nos mostra a sua face mais profunda: o que não estava no roteiro, o que não se via ao longe, mas que se revela na surpresa do encontro.
Continuar o percurso é perceber que não importa tanto onde estamos indo, mas o que somos capazes de aprender enquanto caminhamos.
Finalizando com as palavras da Lygia Fagundes Telles, “a distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha reta, mas é nos caminhos curvos que se encontram as melhores coisas da vida.”
Bom toda vida
BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL
Imagem: VSCO
A Fernanda sempre amou escrever histórias. Sobre pessoas que já passaram por sua vida, ou até sobre personagens que ela inventou em sua cabeça.
Como romântica inveterada, já pensou em inúmeras narrativas que caberiam aqui no the stories — mas resolveu escolher a sua história preferida.
Seus avós — dona Nilma e seu Renato — estão completando 60 anos de casamento, e são a razão pela qual a Fernanda continua acreditando e insistindo no amor.
Quando eles se conheceram, Nilma tinha apenas 13 anos, e Renato havia acabado de completar 18. Ela foi passar Carnaval na casa de uma comadre da sua mãe, que tinha pensão em São João.
Seu Renato estava de paquerinha com a filha da dona, mas diz que, desde o primeiro olhar, já sentiu que a dona Nilma tinha um jeito diferente e charmoso.
A vida seguiu. Renato casou no ano seguinte, mas, infelizmente, acabou ficando viúvo logo depois.
Ele e a Nilma voltaram a se encontrar pela cidade. Inicialmente, essas trombadas aconteciam só nas férias, até que ela terminou os seus estudos na capital e voltou pro interior.
Nilma namorava na época, e não dava bola nenhuma pro Renato. Ele era todo galanteador, e não deixava de mostrar o que queria.
Até que um dia, o namoro dela acabou. Seu Renato não economizou nos convites, e o primeiro encontro “oficial” aconteceu no cinema da cidade.
Desde então, eles vêm construindo uma história linda e sólida, que está longe de ser perfeita, mas é o amor da vida real.
Mesmo depois de 60 anos juntos, eles ainda dão um beijo de “bom dia” todas as manhãs. O seu Renato gosta de acordar cedo, e aproveita pra deixar o café pronto e esperar a dona Nilma levantar.
Quando toca alguma música boa — principalmente se for do Elvis — eles dançam agarradinhos. Só andam na rua de mãos dadas, e assistem filmes de faroeste e comédia romântica na Netflix.
A Fernanda conta que os dois são muito diferentes, mas sempre dão um jeito de se encontrar no meio do caminho.
Seja nas caminhadas matinais ou nas noites de buraco. Nos jantares bebendo Cuba Libre e cerveja preta. Nos almoços de família e nos passeios na praça. Lendo revistas ou fazendo palavras cruzadas.
Como a dona Nilma gosta de acordar tarde, o seu Renato faz o café, esquenta o pão e lava a louça. Como o seu Renato é bem esquecido, a dona Nilma que cuida dos seus remédios.
Ele é teimoso, e ela sabe bem disso — mas, ainda assim, é a primeira a sair em sua defesa.
A Fernanda diz que são esses pequenos detalhes que mostram que o amor é construído dia após dia.
Usando as palavras de Valter Hugo Mãe, “o amor constrói. Gostarmos de alguém, mesmo quando estamos parados durante o tempo de dormir, é como fazer prédios ou cozinhar para mesas de mil lugares.”
Desses 60 anos de casamento, foram muitas pedras no caminho, mas também muitas alegrias compartilhadas e o melhor presente do mundo: 4 filhos, 2 noras, 1 genro, 3 netos e 1 bisneta.
E assim eles seguem caminhando. Alguns dias mais perto, outros mais longe. Tirando os obstáculos da estrada, e vivendo um amor que não é bom todo dia, mas é bom toda vida.
Ficou curioso pra conhecer essa família linda? Então corre lá no nosso Instagram e já aproveita pra desejar um feliz aniversário de casamento pro seu Renato e a dona Nilma. 💍
Hello, Sunday 🤍
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A solidão amiga
EXTRA
(Imagem: VSCO)
A noite chegou, o trabalho acabou, é hora de voltar para casa. Lar, doce lar? Mas a casa está escura, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta, ninguém à espera. Você está só. Vem a tristeza da solidão... O que mais você deseja é não estar em solidão...
Mas deixa que eu lhe diga: sua tristeza não vem da solidão. Vem das fantasias que surgem na solidão. Lembro-me de um jovem que amava a solidão: ficar sozinho, ler, ouvir música... Assim, aos sábados, ele se preparava para uma noite de solidão feliz.
Mas bastava que ele se assentasse para que as fantasias surgissem. Cenas. De um lado, amigos em festas felizes, em meio ao falatório, os risos, a cervejinha. Aí a cena se alterava: ele, sozinho naquela sala. Com certeza ninguém estava se lembrando dele. Naquela festa feliz, quem se lembraria dele? E aí a tristeza entrava e ele não mais podia curtir a sua amiga solidão.
O remédio era sair, encontrar-se com a turma para encontrar a alegria da festa. Vestia-se, saía, ia para a festa... Mas na festa ele percebia que festas reais não são iguais às festas imaginadas. Era um desencontro, uma impossibilidade de compartilhar as coisas da sua solidão... A noite estava perdida.
O primeiro filósofo que li, o dinamarquês Soeren Kiekeggard, um solitário que me faz companhia até hoje, observou que o início da infelicidade humana se encontra na comparação.
Experimentei isso em minha própria carne. Foi quando eu, menino caipira de uma cidadezinha do interior de Minas, me mudei para o Rio de Janeiro, que conheci a infelicidade. Comparei-me com eles: cariocas, espertos, bem falantes, ricos.
Eu diferente, sotaque ridículo, gaguejando de vergonha, pobre: entre eles eu não passava de um patinho feio que os outros se compraziam em bicar. Nunca fui convidado a ir à casa de qualquer um deles. Nunca convidei nenhum deles a ir à minha casa. Eu não me atreveria. Conheci, então, a solidão. A solidão de ser diferente. E sofri muito.
Assim, tive de sofrer a minha solidão duas vezes sozinho. Mas foi nela que se formou aquele que sou hoje. As caminhadas pelo deserto me fizeram forte. Aprendi a cuidar de mim mesmo. E aprendi a buscar as coisas que, para mim, solitário, faziam sentido. Como, por exemplo, a música clássica, a beleza que torna alegre a minha solidão.
A sua infelicidade com a solidão: não se deriva ela, em parte, das comparações? Você compara a cena de você, só, na casa vazia, com a cena (fantasiada) dos outros, em celebrações cheias de risos... Essa comparação é destrutiva porque nasce da inveja. Sofra a dor real da solidão porque a solidão dói. Dói uma dor da qual pode nascer a beleza. Mas não sofra a dor da comparação. Ela não é verdadeira.
Mas essa conversa não acabou: vou falar depois sobre os companheiros que fazem minha solidão feliz.
- Rubem Alves
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FINAL NOTES
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