milagre dos encontros

domingo: 31 de agosto: "o amor é uma espécie de preconceito. como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse?"

milagre dos encontros

“o amor é uma espécie de preconceito. como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse?

Para entrar no clima da história, a dica é dar o play nesse clássico aqui. 🖤

FIRST THINGS FIRST

Uma espécie de preconceito

(Imagem: The Charles Bukowski Tapes)

O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece.

Charles Bukowski

Ao dizer que “o amor é uma espécie de preconceito”, Bukowski imediatamente desloca a ideia de amor do ideal romântico para algo marcado por limitações, escolhas condicionadas e critérios pessoais.

  • Amar, segundo ele, não é neutro nem absoluto; é sempre seletivo, filtrado pelo que nos é familiar, confortável ou necessário.

A ideia de que “a gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente” reforça que o amor está profundamente entrelaçado com a sobrevivência emocional.

Amamos não só a pessoa em si, mas o que ela representa para a nossa própria estabilidade, prazer ou segurança afetiva.

Para ele, amar não é apenas um ato de entrega ou devoção, mas também um exercício de escolha inevitavelmente condicionado: escolhemos aquilo que nos faz sentir bem, aquilo que preenche lacunas internas.

Então, surge a pergunta inquietante: “como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse?”

  • Talvez seja impossível encontrar uma resposta — e talvez o milagre dos encontros esteja justamente aí.

Bukowski nos confronta com a contingência e a limitação da experiência humana, mostrando que o amor acontece dentro das circunstâncias aleatórias que a vida nos oferece.

Cada encontro é, por si só, uma escolha parcial, marcada pelo acaso, pelas oportunidades e pelas conexões que conseguimos perceber.

É nesse espaço entre o que poderia ter sido e o que realmente acontece que reside o milagre do amor: na imperfeição, na seleção involuntária e na singularidade de cada pessoa que cruzamos.

Amar alguém, então, é aceitar o que nos é apresentado e depender da conjunção única de encontros impossíveis de repetir. É se abrir para o desconhecido e deixar de buscar explicações.

Porque é nesse entrelace de acaso e escolha que o amor se revela: frágil, único e irrepetível. Como disse Roberto Freire: “quem começa a entender o amor, a explicá-lo, a qualificá-lo e quantificá-lo, já não está amando.”

APRESENTADO POR LITTLE BEAN

O que toda relação boa tem em comum

No filme Amores Materialistas, Dakota Johnson é uma casamenteira que junta casais a partir de uma lista de qualidades — o checklist do par perfeito. Na vida real, a gente também tem o nosso.

E, embora saibamos que relacionamentos não se constroem apenas checando caixinhas, alguns critérios que vão além da superfície, fazem sentido. Como, por exemplo:

☑️ Cumpre o que promete.

☑️ Trata bem até quem não precisa impressionar.

☑️ É positivo, mas sabe lidar com dias ruins.

☑️ É cuidadoso nos detalhes.

☑️ Não está acomodado, sempre buscando crescer e ser um parceiro melhor.

O ponto é que, para ter esse parceiro, a gente também precisa entregar o mesmo. Porque, no fim do dia, o match perfeito acontece entre duas pessoas que já decidiram viver no mesmo nível — o nível de quem encara o desconforto, quer sempre crescer e luta pelo relacionamento todos os dias.

Esse é o café que te ajuda a estar pronta para o parceiro que você quer ter. Little Bean. Sem açúcar, sem desculpa.

BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL

Bom toda vida

(Imagem: Pinterest)

💍 Neusa estava noiva. Seu coração não batia mais forte, mas diziam que casamento era assim mesmo — palpitação no peito era coisa de adolescente. Ela acreditava — ou tentava acreditar.

Acostumada à cidade grande, foi para o interior a convite de uma amiga, Tereza. Quem sabe a mudança de ares não despertaria nela algum ânimo novo? Mal sabia que o destino, silencioso e certeiro, já a esperava.

Em sua primeira tarde na casa de Tereza, enquanto ajeitava a mala no quarto de hóspedes, Neusa olhou pela janela e viu um rapaz de camisa branca atravessando o quintal.

Não perguntou nada, mas sentiu. O coração, que até então parecia tão morno, deu um pequeno tropeço.

“Quem é aquele?”, arriscou em voz baixa.
Tereza sorriu. “Meu irmão, Geraldo.”

E completou com a naturalidade de quem junta duas peças de um quebra-cabeça: “Vocês deviam conversar… Afinal, os dois estão noivos. Sempre tem umas figurinhas para trocar.”

A conversa foi breve, mas intensa o suficiente para que todas as frases que Neusa conhecia dos romances, de repente, fizessem sentido. Não era exagero literário. Era real.

  • Naquela noite, a cidade inteira se preparava para o baile do salão, o evento mais esperado da semana.

Neusa se arrumava diante do espelho quando seu tio a interrompeu: “Noiva não vai para o baile.” Ela respirou fundo e respondeu: “Ah, é? Então, está resolvido.”

Escreveu uma carta ao noivo e, com poucas linhas, desfez o compromisso que já não deveria ter começado. Dobrou o papel com firmeza e, sem olhar para trás, tomou a decisão mais ousada da vida.

Todos a chamaram de louca. Mas o que ninguém sabia é que ela só pensava na imagem de Geraldo com a camisa branca na janela. Às vezes, basta um instante, um encontro, para que o mundo mude de direção.

Sabendo da novidade, Geraldo mandou um recado, pedindo para que Neusa se encontrasse com ele no baile.

  • Ela foi impositiva: “Se ele quiser me ver, que venha me buscar. Que história é essa de marcar encontro lá?” E ele foi.

Bukowski dizia que o amor é uma espécie de preconceito. Afinal, “como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse?

Talvez a resposta não exista. Talvez o segredo esteja justamente na impossibilidade de explicação.

Porque o amor, às vezes, nasce no acaso, sem querer. Ou no milagre. E foi assim com Neusa e Geraldo: um olhar pela janela foi o suficiente para que tudo se transformasse.

No baile, ele a encontrou — e naquela mesma noite percebeu que também precisava reescrever sua história. Terminou o noivado e, pouco depois, os dois começaram a namorar.

Se corresponderam por cartas durante um ano: ela escrevendo da cidade grande; ele do interior.

  • Palavras atravessavam distâncias, e cada envelope trazia a certeza de que estavam, aos poucos, construindo uma vida em comum.

Até que o “sim, chegou”. Quando Neusa entrou na igreja, encontrou os olhos de Geraldo no altar e percebeu que todo o resto era detalhe. Não havia dúvida: era com ele que queria dividir a vida.

Mais de seis décadas se passaram desde então. Hoje, Neusa e Geraldo continuam juntos. São mais de 60 anos de casamento, 12 filhos, 18 netos e 5 bisnetos.

A vida não é tão agitada quanto antigamente, mas os dois continuam se escolhendo todos os dias. E assim vão caminhando, na certeza de um amor que não é bom todo dia, mas é bom toda a vida.

Quem escreve esta newsletter é uma das netas, Ana Luísa — e, por isso, esta foi a primeira história que apareceu aqui.

Agora, a Neusa não consegue mais lembrar de todos os filhos, netos e bisnetos. O Alzheimer levou parte da memória, embaralhou nomes, apagou rostos e confundiu tempos.

Mas há algo que nem a doença conseguiu arrancar: o carinho que todos ainda têm por ela.

Neusa continua sendo o centro da família: cercada de mãos que a acolhem, vozes que a chamam com doçura e olhares que insistem em lembrá-la, todos os dias, de que é profundamente amada.

Ficou curioso para conhecer a Neusa e o Geraldo? Eles apareceram no nosso Instagram. 🧸

ENQUETE DO THE STORIES

(Imagem: Vogue Paris)

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CARTA ABERTA

Algo além do algoritmo

(Imagem: Luisa Meirelles)

Ando esquecendo de checar o telefone.
Antes, o tempo de tela não era tão caro.
Eu não perdia tanto; eu ganhava mais online.

Agora, os minutos que se esgotam no labirinto de redes mais excludentes do que sociais me custam uma fortuna.

Custam felicidade.
Curtir de verdade é tocar a sua pele.

Deslizo em minhas histórias para investigar os rostos que viram o meu. O ângulo da foto que eu fiz não revela o rosto que ninguém no mundo vê, além de você.

Aquela cara de tudo que eu vivi e não contei.

Eu amo me vestir, mas arranquei tudo para você me ver. Para ser além do que eu precisava que fosse visto em mim.

Agora eu sei. Tudo que eu achava que era amor até o amor me mostrar que não era.

As notícias são antigas mas, a gente esquece. A gente se veste, se impõe um gostar cheio de condições. E se convence no que parece.

Até se deixar levar por algo além do algoritmo.
Eu vou chamar de amor.

Este texto é da Luisa Meirelles, que compartilha um pouco da sua visão de mundo, arte e bom gosto em seu perfil do Instagram. 🌻

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A próxima pode ser a sua 💌
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