memória afetiva

bom dia. tem alguma receita que te faz voltar pra infância? sinta o gostinho de nostalgia e conte pra gente aqui nos comentários.

memória afetiva

bom dia. tem alguma receita que te faz voltar pra infância? sinta o gostinho de nostalgia e conte pra gente aqui nos comentários.

Amar os outros
FIRST THINGS FIRST

(Imagem: Pinterest | Reprodução)

“Cozinhar é o mais privado e arriscado ato. No alimento se coloca ternura ou ódio. Na panela se verte tempero ou veneno. Cozinhar não é um serviço. Cozinhar é um modo de amar os outros.”

Essa é a descrição do escritor e biólogo de Moçambique, Mia Couto, sobre o ato de se arriscar na cozinha.

  • Em seu livro “O Fio das Missangas”, ele traz poesia pra quem prepara uma refeição, e mostra que cozinhar é uma verdadeira declaração de amor.

Inclusive, se a gente pensar bem, tem até um lado místico em preparar uma refeição. Assim como as práticas de alquimia da Idade Média, nas panelas, vai primeiro o óleo e depois o tempero.

E aí, com uma seleção de ingredientes e uma mão que coloca amor na mistura, nos deparamos com uma explosão de cheiros — e sabores — que ocupa todos os recintos da casa.

Indo além do lado afetivo, a história da humanidade também passa pela história da gastronomia, que associa Paris a um prato de escargot, Minas Gerais a um pão de queijo e não pensa na Bahia sem pensar em Acarajé.

Você saboreia uma pizza e lembra da sua viagem pra Itália. Ou come um macarrão a bolonhesa feito pela sua mãe, e afirma com convicção de que nem no melhor restaurante de Roma dá pra experimentar algo parecido.

  • Pra algumas pessoas, casa de vó tem gosto de bolo de fubá e café preto ficando pronto.

Para outras, misto quente e leite com Nescau tem sabor de infância. Tem gente que se apaixona por um omelete bem feito, e tem gente que se apaixona por quem não sabe nem fazer ovo mexido.

Preparando um “spaghetti al limone” com um salmão no ponto, ou queimando uma torrada na tentativa de agradar a pessoa amada no café da manhã, cozinhar é um modo de amar os outros”.

O que ganhamos com tudo que perdemos
BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL

(Imagem: Pinterest | Reprodução)

Meses atrás, a Giuliana perdeu o seu avô. Não só ela, naturalmente, a família toda se despediu de uma pessoa que por muitas décadas foi seu farol, seu Norte.

Nas semanas que passaram, ela se viu inundada por um fluxo gigante de emoções misturadas e foi praticamente impossível compreender o papel de cada delas uma no seu processo de luto.

Depois de semanas tentando organizar sua bagunça mental, seguiu fixa na sua mente uma frase que uma pessoa querida disse enquanto oferecia seus pêsames:

“O ruim de perder nossos avós é que a gente perde a infância junto. Afinal, algumas das melhores memórias que temos da época de crianças foram com eles.”

Como uma overthinker por natureza, ela passou dias dissecando essa frase pra entender duas coisas.

  • Primeiro, se concordava com ela. Segundo, se a achava reconfortante — ou apenas triste.

Nesse processo de análise que elas vieram, como um tsunami inundando sua mente que já estava afogada de tantas outras coisas: as memórias da infância com o vovô e a vovó.

A Giuliana lembrou de todas as vezes que o seu avô tentou ensinar para os netos seus truques de mágica. Persistente, ele não desistia: repetia e repetia até que todo mundo pegasse o jeito.

E, depois de muito treino, assistia todo orgulhoso a apresentação dos seus pequenos na frente da família toda — ignorando os resultados lastimáveis de quem não tinha talento pro show.

Ela lembrou também de quando sua avó a ensinava alguma coisa errada e, em seguida, olhava com um sorrisinho no canto da boca, colocava o indicador nos lábios e fazia um “shhhhhhh”.

  • Sem mais explicações, a Giuliana sabia que aquilo tinha acabado de virar o segredo das duas. E como ela se sentia especial em ter esses segredos.

Inclusive, ela guardou todos eles como se fossem joias preciosas. Sabe quando você só precisa trocar um olhar com a pessoa, e ela já sabe exatamente o que você está pensando? Era mais ou menos essa a sensação.

Depois de ter o coração saudosamente aconchegado por essas lembranças, a Giuliana continuou escavando sua mente à procura de outras memórias, até que outra ficha caiu.

Ela se deu conta de que toda vez que mergulha em alguma piscina ou no mar, ela escuta a voz do seu avô. É algo tão usual e natural que ela nunca tinha se questionado de onde vinha.

  • Aí que chegou a memória: o vovô, atleta e educador físico, foi quem ensinou todos os netos a cruzar as piscinas segurando a respiração debaixo d’água.

“Primeiro você fecha os olhos, respira fundo três vezes, e vai sem medo.” Segundo a Giuliana, sempre que estiver prestes a mergulhar em grandes planos na vida, vai lembrar dessa voz, fechar os olhos e respirar fundo.

Agora, quando pensa em laços afetivos, a comida é sempre um deles. Hoje, adulta e formada, ela pode encher a boca pra dizer que batata frita é, de longe, a sua comida favorita.

Ela nunca tinha parado pra refletir de onde veio a paixão por essa iguaria zero saudável, mas aí se lembrou de quando passava as férias na casa da vovó, e ela fritava batatas fritas t-o-d-o-s-o-s-d-i-a-s.

  • E não era qualquer batata frita. Eram as batatas da vovó. Cortadas em formato de meia lua, incrivelmente crocantes por fora e suavemente macias por dentro.

Eram deliciosas. Salgadinhas. Perfeitas. Naqueles almoços de férias, a vovó abraçava pela comida. E talvez por isso a Giuliana sinta um quentinho no coração toda vez que alguém diz: “pedi fritas pra você”.

Depois de toda essa reflexão, ela pede licença pra discordar da frase que o seu amigo disse quando a abraçou. Hoje, a Giuliana não acha que perdemos a infância quando os avós se vão. Na verdade, ganhamos a habilidade de recordá-la.

Pra ver uma foto da Giuliana e seus avós, é só clicar aqui que já postamos no Instagram. Ah, e ela também escreve sobre outros devaneios e loucuras nessa página. 🧸

O que a comida representa pra você?
PITACOS FEAT. JU GUEIROS

(Imagem: VSCO | Reprodução)

Respondendo de bate pronto possivelmente as respostas mais comuns seguiriam a linha do prazer, satisfação, amor… Fazendo uma reflexão mais profunda, para mim, a melhor palavra para descrever seria afeto.

São tantas as memórias afetivas que tenho onde a comida está presente (ou é protagonista, rs).

Ao lembrar de uma história, automaticamente me vem o cheiro de infância, o sabor do amor, o afeto com que aquela comida foi feita ou a mesa foi posta…

  • Minha estória com a cozinha começa tão cedo, que já não sei se lembro mesmo dessa época ou se as memórias foram criadas a partir de fotos e relatos dos meus pais.

Minha mãe costuma dizer que fui criada na bancada da cozinha. Enquanto ela cozinhava, ela me colocava lá, e eu ficava observando. Aos poucos, fui aprendendo a andar e ficava grudada na perna dela. Depois, aprendi a subir no banquinho para ajudar.

Não sei bem se foi porque sentia o amor que minha mãe colocava em tudo que ela fazia, ou se eu simplesmente queria ficar perto dela o tempo todo, mas o fato é: criei um grande amor para vida toda.

Aos 7 anos, preparei minha primeira refeição sozinha. Na época, eu morava na Inglaterra com a minha família, e lá tinha um programa de culinária onde os convidados levavam ingredientes aleatórios e os cozinheiros tinham que transformá-los em um prato. Vivia pedindo para a minha mãe para brincar disso em casa.

Até que um dia ela cedeu, foi ao supermercado e comprou os “ingredientes surpresa”: filé de frango, arroz, alho poró e mascarpone. Fiz um frango com alho poró e molho de mascarpone com arroz branco, aos 7 anos de idade.

Depois disso, aos poucos, fui ganhando mais independência na cozinha. Além de cozinhar para minha família, comecei a cozinhar para amigos também. Levava bolo para comemorar o aniversário das minhas amigas na escola, e em qualquer data comemorativa eu me arriscava em vender uns doces por aí.

Em 2012, aos 17 anos, me formei na escola e passei para uma faculdade nos EUA. Como o ano letivo lá só começaria em agosto, eu teria 8 meses de “férias” entre a formatura e o início da faculdade. Então meu pai sugeriu que eu tentasse fazer um curso no Le Cordon Bleu.

  • Acho importante ressaltar aqui que eu sempre amei cozinhar, mas não tinha pretensão de trabalhar com isso.

Para mim, a cozinha era o meu lugar de alento, passatempo favorito, mas não me imaginava trabalhando em restaurantes. De todo modo, abracei a oportunidade com unhas e dentes, e me mudei para Paris em 2013 para cursar o Le Cordon Bleu. Até hoje, mais de 10 anos depois, eu ainda lembro desse ano como um dos melhores da minha vida.

Lá, eu conheci gente tão apaixonada pela cozinha quanto eu. Passei um ano imersa em mercados, feiras e restaurantes novos. Tudo isso muito bem acompanhada, na cidade que pulsa gastronomia em suas veias.

No final do curso, já completamente encantada com todos os aspectos desse mundo, decidi estagiar em um restaurante em Paris. Aprendi muito, muito mesmo.

Trabalhei como nunca mais trabalhei até hoje, com uma carga horária de mais ou menos 17 horas por dia. Me senti muito realizada, mas percebi que realmente não era para mim.

  • Como disse antes, minha paixão pela cozinha girava em torno de amor, afeto e momentos de paz no fogão de casa.

Ali, senti que no ambiente profissional, essa conexão emotiva era praticamente inexistente. Admiro muito todos os profissionais desse ramo, pois vi na pele que exige muito mais do que “apenas" gostar de cozinhar.

A experiência serviu para constatar que não era o que eu queria para o longo prazo. Mas e agora? O que eu ia fazer da vida?

Tinha 18 anos, um diploma de Chef de Cozinha e de Patisserie na mão, e nenhuma ideia do que fazer com isso. Fui trabalhar em restaurante e vi que realmente não era pra mim. Me formei em Administração, adorei o curso, mas também não me encontrei no mundo corporativo.

Depois de “tentar de quase tudo”, me fechei em casa e, naturalmente, voltei pra cozinha — meu amor antigo e grande alento.

Alguns dias depois, uma amiga me ligou falando que não sabia nem fazer arroz, tinha que aprender para sobreviver e pediu para eu ensinar. Nunca tinha compartilhado receitas no Instagram, mas comecei.

  • Todos os dias, chegava mais alguém querendo aprender a cozinhar, e todos os dias eu postava uma receita.

Me apaixonei por ensinar e por essa comunidade de carinho que formei no Instagram. Depois de uns 9 meses de trabalho orgânico sem nenhum retorno, recebi minha primeira proposta de publicidade como influenciadora.

Não sabia NADA sobre esse mundo, e muito aos poucos, fui me encontrando. Hoje, somos mais de 200 mil pessoas lá, e saber que tanta gente me acompanha, com tanto carinho, me emociona e motiva diariamente.

No ano passado, minha melhor amiga começou a trabalhar comigo, me ajudando a consolidar a ideia de que a cozinha pode ser descomplicada e prazerosa. Para isso, lançamos o Roti na cozinha, que por enquanto tem uma newsletter semanal gratuita e um site que reune grande parte das minhas receitas.

Ufa, está aí um pouco da minha trajetória. Apesar de cada um de nos trilhar caminhos diferentes, acho que a cozinha permeia a vida de todos nós, de uma maneira ou outra.

A comida, além de amor e autonomia, para mim, também é afeto, acredito nisso do fundo do meu coração. Foi nela que encontrei grande parte da minha confiança, coragem e motivação.

Pra seguir a Ju no Instagram e conhecer ainda mais da sua história, é só clicar aqui. Ah, e o seu site com todas as receitas é esse aqui. Quem sabe não dá uma inspirada? 💛

Mangiare è troppo buono 🍝
EDITOR’S PICK

(Imagem: Tumblr | Reprodução)

Como o papo de hoje é sobre comida, as dicas não poderiam ser diferentes. Se arrisque na cozinha e surpreenda quem você mais ama. 🫶

  1. O café da manhã perfeito existe e a gente vai provar: é só seguir o passo a passo dessa receita de pão na chapa com requeijão — fica crocante por fora e cremosinho por dentro. 🥖

  2. Agora, se a foto da seção te deixou com água na boca, a nossa dica é aproveitar o almoço de domingo com esse delicioso e clássico macarrão cremoso e gratinado. 🍝

  3. Mas como a gente não vive sem sobremesa, esse bolo gelado de coco tem gostinho de infância — quem lembra quando todo aniversário de criança servia essa iguaria no papel alumínio? 🎂

  4. “Mas sobremesa só é sobremesa se tiver chocolate”. Ok, então esse crepe de Nutella com certeza vai matar a sua vontade de se lambuzar no doce depois do almoço. 🍫

  5. Pra finalizar… Se você não aderiu ao Dry January — e já enjoou de beber gin tônica —, separamos aqui uma receita de Fitzgerald, o drink do momento. 🥃

😀😐🙁 Quão satisfeito você ficou com essa edição? Nos conte aqui.

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A próxima pode ser a sua 💌
FINAL NOTES

Gostou da história que leu? A próxima pode ser a sua. Conte pra gente aquela história de amor que só você sabe e tem dentro de si. Afinal, todo mundo tem a sua.

Envie para: [email protected]

Queremos compartilhar, pelo menos um pouquinho, desse sentimento que você tem aí dentro. Você nunca sabe o que ele pode provocar nas pessoas…

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