futuros amantes

domingo: 21 de setembro: "não se afobe não que nada é pra já. o amor não tem pressa, ele pode esperar."

futuros amantes

“não se afobe não que nada é pra já. o amor não tem pressa, ele pode esperar.”

Para entrar no clima do Momento Cult, a dica é ler a edição dando play nessa música deliciosa aqui. ❤️‍🔥

FIRST THINGS FIRST

Futuros Amantes

(Imagem: Pinterest)

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios no ar

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos

Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

Composta por Chico Buarque, a música “Futuros Amantes transmite uma sensação de paciência e de tempo dilatado, como se o amor fosse algo que existisse além do imediatismo e da compreensão humana.

  • O lírico repete: “não se afobe, não / que nada é pra já”, como quem coloca um freio na ansiedade que nos cerca.

Nesta nossa sociedade imediatista, onde tudo parece ser descartado ou vivido às pressas, a música propõe outra lógica: a de que o amor pode esperar, crescer em silêncio e acumular-se discretamente nos cantos da vida — num armário, numa carta esquecida, num gesto antigo que ainda carrega significado.

Aqui, a ideia de tempo é expansiva e quase mítica. Milênios no ar, cidades submersas, escafandristas explorando casas e quartos. Tudo isso sugere que o amor é atemporal e resistente à passagem dos anos.

Cada gesto, cada palavra e cada fragmento guardado são vestígios dessa presença que permanece. São vestígios dessa essência que sobrevive mesmo quando tudo ao redor muda.

Há uma dimensão quase mágica nisso: o amor não é apenas um sentimento imediato, mas um legado, uma força silenciosa que atravessa o tempo e transforma vidas.

  • E, como “nada é pra já”, o sentimento precisa de espaço para respirar — e de tempo para se revelar.

Assim, nesta dimensão poética, o amor é eterno, generoso e, ao mesmo tempo, cheio de mistério: sempre à espera de ser reencontrado.

Finalizando com as palavras do próprio compositor: “A música fala dessa ideia do amor como algo que pode ser aproveitado mais tarde, que não se desperdiça. Passa-se o tempo, passam-se milênios, e aquele amor ficará até debaixo d’água. Um amor que vai ser usado por outras pessoas, um amor que não foi utilizado porque não foi correspondido, e então ele fica ímpar, pairando… Esperando que alguém o apanhe e complete a sua função de amor.

Para quem deseja conhecer a história completa da composição da música, é só assistir esse vídeo. 💙

BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL

O tesouro estava lá

(Imagem: VSCO)

Desde pequena, Julia sempre acreditou em contos de fadas. Gostava de imaginar encontros cinematográficos, luz de velas e declarações arrebatadoras, como nos filmes de romance que tanto assistia.

Cresceu em Rancho Fundo, um bairro de uma cidade do interior de Santa Catarina, onde sua vida parecia tranquila demais para os sonhos grandiosos que carregava.

Foi aos oito anos, porém, que tudo mudou: ao acompanhar a mãe, Julia partiu para São Paulo.

Ela só não sabia que, além de deixar sua infância para trás, também deixaria o menino que um dia se tornaria parte fundamental de sua história.

Esse menino era Augusto. Dois anos mais novo que Julia, ele cresceu entre as prateleiras do mercado da família, onde o irmão dela chegou a trabalhar e a mãe era cliente assídua.

  • Pequenos encontros aconteceram nessa época, mas nada além de olhares rápidos e inocentes.

Até que os caminhos se separaram. Augusto, já adulto, foi estudar em Joinville, enquanto Julia seguia sua vida em São Paulo.

Cada um escolheu uma estrada, com vidas diferentes, ritmos diferentes e sonhos que pareciam não se cruzar mais.

Ele mergulhou no mundo universitário e nos desafios de viver em outra cidade. Ela construiu amizades em São Paulo, amadureceu com a correria da metrópole e aprendeu a se virar longe das raízes.

O destino, porém, costuma ser paciente

Quando a pandemia estourou, Julia, já com 22 anos, voltou para a cidade natal para ficar com a mãe. Augusto, então com 21 anos, também voltou, decidido a continuar a faculdade na região e a ajudar os pais no mercado.

  • Foi ali, entre compras rotineiras e olhares um pouco mais demorados, que o reencontro aconteceu.

Julia brincava com a mãe, dizendo que comprava mais do que precisava, só para ser atendida pelo “caixa bonito”.

Mas o primeiro passo partiu dele. Em janeiro de 2022, Augusto enviou uma foto no Instagram de Julia, já com a intenção de marcar o primeiro encontro, que aconteceu no início de fevereiro.

A noite, no entanto, foi bem distante do que Julia havia idealizado. Dentro de um carro, por apenas duas horas, os dois conversaram de maneira um tanto truncada.

Ela, acostumada às fantasias que cultivava desde menina, esperava jantar à luz de velas e um buquê de flores. Augusto, por sua vez, achou que Julia falava demais e que, por ser mais velha, provavelmente não gostava dele.

Mesmo com esse início desajeitado, marcaram outro encontro — novamente no carro, sem flores nem jantar, apenas conversa até de madrugada.

  • E, por incrível que pareça, foi mágico. Julia percebeu que o romantismo que tanto buscava não estava nas velas, mas no olhar.

Ao lado de Augusto, as horas corriam sem pressa. Não havia frio na barriga nem insegurança, mas a paz de estar no lugar certo na hora certa. Aquele instante, que não salva o mundo, mas salva o minuto.

A partir dali, tudo aconteceu muito rápido. Disseram eu te amo já na terça-feira seguinte e, na quinta, decidiram que seriam apenas os dois. Um mês depois, Augusto pediu Julia em namoro.

Os dois são extremamente racionais, pensam muito antes de fazer qualquer coisa, mas se amaram como quem vai ao supermercado comprar o alface de segunda… e sai com o vinho de sexta-feira.

Cada gesto, cada risada e cada conversa reforçavam a certeza de que haviam encontrado algo raro. Não foi amor à primeira vista, mas foi amor às vistas de todo sempre.

Agora, prestes a completar quatro anos juntos, eles estão mobiliando o apartamento que será o cenário da próxima fase da vida a dois.

  • O casamento está marcado para o início de 2026, e com ele virá a celebração de tudo que construíram.

Julia, que sempre se encantou por livros de romance, poemas, flores e chocolate, nunca imaginou que a sua própria história pudesse ser ainda mais bonita do aquelas da ficção.

Ao olhar para a a vida que construiu, ela percebe que seu casamento não é apenas uma festa ou um ritual, mas uma grande metáfora viva. Como diria Paulo Coelho: “às vezes, é preciso cruzar desertos e enfrentar o mundo para descobrir que o verdadeiro tesouro sempre esteve perto de nós.”

E assim foi com eles: precisaram partir para longe e viver outras vidas para então entender que o tesouro que buscavam estava desde sempre em Rancho Fundo, esperando o momento certo de ser descoberto.

Ficou curioso para conhecer a Julia e o Augusto? Eles já apareceram no nosso Instagram. 🧸

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(Imagem: Tumblr)

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CARTA ABERTA

Não achei triste

(Imagem: Tahnee Simpson)

Eu acho que uma das coisas mais bonitas que a gente aprende em uma análise é a capacidade de ficar triste.

Saber ficar triste envolve várias etapas:

  1. Se deixar afetar por uma sensação desprazerosa e incômoda;

  2. Dar atenção a essa sensação;

  3. Analisar se ela combina com as nuances da ou se destoa muito;

  4. Interpretar e dar um nome, ainda que provisório, para ela;

  5. Avaliar se é o caso de consentir com sua chegada ao corpo ou não.

    1. Essa etapa é muito delicada porque, se errarmos no diagnóstico e pensarmos que aquele sentimento não deveria estar ali, ao tentar arrancá-lo do corpo, corremos o risco de mandar um pedacinho do corpo junto — o que pode doer muito, fazer falta e, pior, não funcionar.

  6. Manter a atenção (não a confundindo com obsessão) ao temporizador: é preciso cuidar do tempo que a tristeza fica ali. Se passa do tempo "bom", pasmem!, a gente pode se acostumar demais com ela, se identificar com ela e não deixá-la ir embora sem sequer perceber que somos nós que não a deixamos ir, e não ela que vai.

  7. Há, ainda, um adendo sobre o tempo. Precisamos de um tempo — não muito longo — em que não façamos nada, exceto oferecermos para que a tristeza se aconchegue em nós (sem jamais nos confundirmos com ela por mais de 3 segundos). Depois, precisamos de um tempo em que sejamos pessoas-tristes-funcionais. Ou seja, que a gente siga a vida, vivendo os outros sentimentos também, mesmo que com ela.

O mais importante de toda essa enumeração e falação minha é que precisamos entender que tristeza não é visita exclusiva. Nossos sentimentos conseguem conviver uns com os outros se a gente não achar que a tristeza precisa de atendimento VIP em nosso corpo.

Uma coisa bonita que aprendi na minha análise, e me salva quase todos os dias, é que a tristeza pode ser bonita, se a gente não ficar sozinho tempo demais com ela. Hoje, coloquei a tristeza para dançar no meu dedo indicador pelo celular, e até saiu este texto — que não achei triste.

- Ana Suy

RODAPÉ

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A próxima pode ser a sua 💌
FINAL NOTES

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