o destino é arteiro

enquanto olhamos para a direita, o amor da nossa vida pode estar passando pela esquerda — quantos encontros já passaram despercebidos em sua vida?

Como é por dentro outra pessoa

FIRST THINGS FIRST

Como é por dentro outra pessoa

Quem é que o saberá sonhar?

A alma de outrem é outro universo

Com que não há comunicação possível,

Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma

Senão da nossa;

As dos outros são olhares,

São gestos, são palavras,

Com a suposição de qualquer semelhança

No fundo.

Nascido em Lisboa, Fernando Pessoa (1888-1935) foi um dos poetas mais importantes da língua portuguesa. Criando heterônimos — poetas com personalidades próprias —, o autor buscou detectar, sob vários ângulos, os dramas do homem de seu tempo.

  • No poema acima, Pessoa escancara uma verdade atemporal, mas muitas vezes esquecida: a alma de outrem é outro universo.

Ao conhecermos alguém, temos a tendência a fazer diversas suposições sobre o universo que é aquela pessoa, mas a verdade é que cada um guarda diversos traumas, experiências, sonhos e receios que vão muito além do que conseguimos enxergar.

Refletindo sobre a delícia de se aventurar pelo desconhecido, fica quase impossível não pensar na quantidade de mundos interessantes que já passaram despercebidos pelo nosso caminho.

  • Quantos universos atravessam a mesma rua que a gente, vão comprar pão na mesma padaria e escolhem a mesma baladinha para ir no sábado à noite?

Ainda iremos cruzar com muitas pessoas nesta vida, e a maioria não teremos nem tempo de olhar — ou olharemos e julgaremos errado, por não termos acesso ao todo.

Enfim… nossa sugestão é que você tente conhecer profundamente pelo menos o seu próprio mundo — e quem sabe assim, ganhar coragem e sabedoria para se aventurar por universos alheios.

BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL

Amar é para quem pode

Poderíamos dizer que Tainá e Marcos se conheceram em um pôr do sol na praia — ou em uma paisagem romântica qualquer —, mas isso não seria fiel aos fatos.

A primeira vez que se viram foi em um 10 de abril chuvoso, em um cenário perfeito para comédias românticas: uma baladinha alternativa, cheia de meninas de botinha cano médio em uma pista subterrânea onde suavam como se estivessem dentro de uma sauna — mas não é assim que muitos casais se apaixonam nos filmes?

Ela quase foi embora, mas deu de cara com ele. Sorriu. Ela de um lado, ele no outro extremo até altas horas da madrugada. O flerte demorou, mas aconteceu. Beijaram-se no final da noite e até trocaram telefone.

  • Marcos não mandou mensagem, mas o destino é arteiro e — como boa jornalista — Tainá descobriu exatamente onde ele estaria na próxima sexta-feira.

Esbarraram-se “sem querer”, beijaram-se porque queriam — a baladinha alternativa parecia muito mais romântica do que qualquer pôr do sol na praia.

Foram ao cinema, ao bar perto de casa e a outras festinhas da moda. Ficavam na dúvida ao escolher o restaurante do final de semana, mas a companhia um do outro permanecia sendo certeza.

Até que um dia… Marcos parecia não ter certeza mais. Foram em um dos restaurantes bacanas da cidade e o fim do relacionamento chegou junto com a conta.

  • O início do término não foi fácil, mas bastou uma dose de coragem — e alguns drinks — para que a vida de solteiro de ambos começasse a ter graça.

Viajaram, cresceram profissionalmente, cometeram muitos erros — e alguns acertos —, mas abriram os olhos para as infinitas possibilidades que esse mundo nos reserva.

Algumas aventuras depois… acabaram se reencontrando. Por obra do acaso — ou faro jornalístico — eles foram parar na mesma festa. Esbarraram-se por querer mas dessa vez não se beijaram.

Tainá estava acompanhada e Marcos não tinha o direito de sentir saudademas desde quando você precisa ter o direito de sentir para efetivamente sentir alguma coisa?

Combinaram de jantar na semana seguinte.

  • Os meses separados mostraram que existem muitas pessoas interessantes no mundo. Os minutos na mesa de jantar o fizeram lembrar que ninguém era mais interessante que ela.

Casaram-se logo em seguida.

Ainda frequentam festas esquisitas, restaurantes bacanas e costumam assistir aos filmes em casa, na companhia de Nelson Rodrigues — um buldogue inglês cheio de vontades.

De resto, agradecem e deixam estar. O destino é arteiro, tem pacto com os amantes, dá lição e a gente aprende: basta um esbarrão para o milagre acontecer. Amar é para quem pode.

Sunday Thoughts 💭

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