recomeçar

bom dia. dizem por aí que tudo tem começo e meio. o fim só existe para quem não percebe o recomeço.

recomeçar

bom dia. dizem por aí que tudo tem começo e meio. o fim só existe pra quem não percebe o recomeço.

O Encontro Marcado
FIRST THINGS FIRST

(Imagem: Une femme et une femme)

De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro.

Esse trecho foi retirado do livro “O Encontro Marcado”, do Fernando Sabino, e reflete uma profunda meditação sobre a vida e a maneira como enfrentamos seus desafios.

  • Quando fala sobre a certeza de que estava sempre começando, Sabino aborda a natureza inacabada da vida.

Porque mesmo quando a gente pensa que está tudo resolvido, na verdade, o recomeço é constante. Até na mesma relação e no mesmo emprego. Todo dia é dia de recomeçar.

E como já dizia Caio Fernando de Abreu, recomeçar é doloroso. Faz-se necessário investigar novas verdades, adequar novos valores e conceitos. Não cabe reconstruir duas vezes a mesma vida numa só existência.

Mas Fernando Sabino tem um pensamento mais otimista, e lembra que dá pra fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro.

  • É porque mesmo quando a gente programa tudo, a vida olha para os nossos planos e dá risada.

A vida dá risada porque sabe que a gente não controla quase nada. Mas ela também sorri e acolhe, mostrando que ser surpreendido no caminho pode ser uma grande benção.

E pra quem tem medo de mudança, Tolstói lembra que para se viver com honra, é preciso consumir-se, perturbar-se, lutar, errar, recomeçar do início e perder e ganhar eternamente. A calma é uma covardia da alma.

Faça planos, mas abrace as incertezas do caminho. Na dança dos ciclos, desfazem-se os medos e os erros se tornam aprendizados. O que foi já não pesa, e o agora é um convite pro recomeço.

Amar é ser quem você é
BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL

(Imagem: Pinterest)

A Maria e o Carlos se esbarraram por boa parte da vida, mas nunca tinham se visto em lugar algum.

Tinham amigos em comum, dividiam os mesmos espaços. Um se lembrava bem da família do outro e dos lugares que frequentavam ao mesmo tempo. Mas Maria não se lembrava dele. Ele também não se lembrava dela.

Na época, eles eram outros pares. Maria tinha se apaixonado outras vezes. Casou como merecia e se divorciou na pandemia. Viveu todas as estatísticas.

Depois de três anos sozinha, ela precisou se ouvir com mais atenção. Fez as pazes consigo mesma, e descobriu que se sentia pronta para amar de novo.

  • E em um sábado qualquer de maio, chegou o Carlos. Sem nenhuma pretensão de nada e um sorriso maior que o mundo.

Foi uma amiga da Maria quem os apresentou. Prima dele. Enviou uma mensagem que lembrava os velhos tempo: “ele gostou de você, posso te apresentar?”. Maria não tinha nada a perder e passou seu telefone.

No primeiro encontro, ela ficou surpresa com o tanto que ele era bonito, e se cativou com a conversa leve e descontraída. Sabe quando cutuca o coração desde o início?

Ela não tinha intenção de se apaixonar. Ele, recém-separado, trazia a bagagem de um longo relacionamento nas costas. Na cabeça da Maria, era certo que ele não ia querer nada sério.

Ainda assim, ela prometeu a si mesma que se permitira viver uma história bonita, ainda que não levasse a nada.

  • Sem acelerar os planos e controlando as expectativas, Maria experimentou um romance tranquilo ao lado do Carlos.

Ela se permitia ser livre, mas marcava presença. Deixou o peso dos bons costumes de lado, sendo totalmente espontânea. Sentia-se feliz no agora, sem se preocupar com o depois.

Mas confessa que, no íntimo, já estava totalmente entregue pra aquele relacionamento que parecia, desde o início, ter escrito pra ser.

Em cinco meses, conheceram vários bares e restaurantes. Fizeram planos de curto e médio prazo, riram até a barriga doer, se implicaram e se amaram como se o tempo fosse pouco.

  • Carlos fazia com que a Maria se sentisse leve pra ser ela mesma. E ela foi gostando disso.

De planos curtos em planos curtos, marcaram uma viagem em que o pedido de namoro veio de surpresa, debaixo da chuva curitibana em um dos parques que Maria sonhava em conhecer.

Carlos veio com um anel e flores coloridas — as mesmas que havia dado a ela da primeira vez que saíram juntos. Maria não precisou pensar pra dizer “sim”.

Viveram mais duas estações inteiras em nove meses, quando fizeram outro plano, com a família inteira, para outra cidadezinha invernal.

  • Maria ainda não cultivava expectativas, cumprindo o que havia prometido a si mesma. Mas Carlos tinha outros planos — e expectativas maiores.

No meio da família, o filho do Carlos puxou a pergunta importante que o seu pai gostaria de fazer. E foi ali, no hall do hotel, com os olhos cheios de lágrimas, que Maria disse sim para o amor.

Foi ali que ela prometeu a si mesma que cumpriria, para o resto da vida, a promessa que fez: construir uma história leve — e linda —, dia após dia.

Foi com Carlos que Maria aprendeu que amar é, acima de tudo, ser quem você é. Sem precisar fingir, nem fugir. Quando o amor chega do jeito certo, não há máscaras ou armaduras que resistam.

  • É quando alguém enxerga o mundo pelos seus olhos e, ainda assim, escolhe ficar. E foi assim que Maria descobriu que o verdadeiro amor é simples.

Em suas palavras, amar é sobre se reconhecer no outro, partilhar o caminhar e abraçar a leveza do ser. Porque, no fim, amar é simplesmente existir em dois, mas sendo inteiros.

De vez em quando, a vida nos dá uma segunda chance. Aquela oportunidade de recomeçar com mais fé, mais calma, mais coração.

A Maria conta que se apaixonou ainda mais pelo Carlos quando conheceu o seu lado “pai”, porque ele é um Paizão daqueles com P maiúsculo.

  • Ela gosta da forma como ele a transformou em uma pessoa melhor, mais ativa, com mais vontade de viver cada pedacinho do dia. Aprendeu a cuidar de fato.

Quando o amor chega, ele nos encontra exatamente onde estamos, sem pressa, sem medo. Porque amar é, antes de tudo, acreditar que há beleza no simples ato de tentar de novo.

Ficou curioso pra conhecer a Maria e o Carlos? Eles apareceram no nosso Instagram. 🧸

Amor e leveza 🫀

EDITOR’S PICK

(Imagem: x230894x)

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Amor e ciúmes andam juntos?
PITACOS FEAT. MARIANA RIBEIRO

(Imagem: Paris, Texas)

Na edição de semana passada, perguntamos para os nossos leitores se ciúmes e amor andam juntos e esse foi o resultado:

Agora, como a maioria ficou no depende, chamamos uma especialista pra falar sobre o assunto.

Meu nome é Mariana Ribeiro, sou psicanalista e recentemente defendi meu mestrado sobre ciúmes e exclusividade amorosa, contando com a Ana Suy e Geni Núñez na banca. Pesquiso bastante os impasses amorosos que enfrentamos na atualidade, e tenho compartilhado fragmentos dessas reflexões no instagram @blablamores.

Vamos ao que interessa: será que amor e ciúmes andam juntos?

Existem muitas respostas possíveis para essa pergunta, que vão variar a partir do que cada um pensa que é o amor e ciúmes. Atualmente, fica cada vez mais claro que existem muitos ideais amorosos distintos, então cada pessoa pode ter uma ideia bem diferente do que seria ter um amor bem sucedido. O jeito que a gente ama, se relaciona e sofre tem tudo a ver com essa forma com que concebemos o amor.

Em uma visão mais tradicional, o amor e o ciúme não só andam juntos como o ciúme seria considerado um bom critério pra se atestar se o amor é ou não verdadeiro.

O ciúme é quase uma prova de amor, e isso pode ir escalando para lógicas bem perigosas, como por exemplo: “se não quero que você fale com seu ex, é porque te amo” ou “se não quero que você vá em festas sem mim, é porque te amo”, ou ainda “se não quero que você se vista dessa forma, é porque te amo”.

Do outro lado, temos uma visão do amor que busca fazer resistência a esta primeira. Geralmente adotada pelos simpatizantes da não monogamia, essa segunda posição é aquela que propõe quase uma incompatibilidade entre amor e ciúmes.

Desse ponto de vista, quem ama deveria sempre ser um entusiasta da liberdade do parceiro. Os impulsos de possuir e controlar, muito típicos dos ciúmes, não teriam nada a ver com o amor.

Eu, particularmente, tenho problemas com essas duas concepções. Acho que as duas podem se desdobrar em modalidades de sofrimento. Mas pra gente avançar nessa discussão, precisamos dar um passo pra trás e pensar: o que é ciúmes?

Os dicionários vão descrevê-lo de diferentes formas, mas tem duas principais que se repetem e se destacam em vários verbetes: a primeira vai dizer que o ciúmes é uma aspiração à posse exclusiva do objeto amoroso; e a segunda que os ciúmes são uma aflição ou temor diante da perda de algo ou alguém.

Tenho especial simpatia por essa segunda definição, que acredito ser a mais precisa para descrever o que ocorre na experiência ciumenta. Quem sente ciúmes está sempre se relacionando com a possibilidade de uma perda.

E esse medo de perder algo pode ser vivenciado de muitas formas. Com frequência, ele se desdobra na outra definição de ciúmes: o desejo de possuir alguém de forma exclusiva.

A partir disso, podemos voltar à nossa pergunta inicial: amor e ciúmes andam juntos? Pensando nas duas respostas principais — sim e não — vou comentar o que eu acho interessante e problemático em cada uma.

  • Começando com a visão de amor mais tradicional, com a ideia de que não existe amor sem ciúmes.

O que eu concordo em relação a essa concepção é a ideia de que não existe amor sem medo de perder algo. O “não querer perder” é algo que vem junto com valorizar, gostar, investir nosso tempo e energia.

O amor e o medo de perdê-lo muitas vezes se retroalimentam: quanto mais amamos, mais tememos a perda. Não existe amar muito e não se importar nada com a possibilidade do fim deste laço amoroso. Trataríamos, aí, de um dos pares opostos ao amor: a indiferença.

Talvez pudessem discordar de mim, dizendo que é possível sentir uma certa segurança no amor que nos permite vivê-lo sem ser atravessado pelo medo de perder, ou pelos ciúmes.

O que eu acho é que existem duas coisas diferentes: uma é de fato não se importar, não ser afetado pela possibilidade de uma perda ou rompimento — isso, pra mim, não é da ordem do amor e sim da indiferença.

Outra, muito diferente, é temer a perda, mas não sentir esse medo à flor da pele, justamente porque não se considera que o risco de perder seja tão iminente. Isso eu não chamaria de indiferença, e sim de uma certa tranquilidade que se pode adquirir quando uma relação amorosa proporciona a sensação de segurança e estabilidade.

  • Então sim, eu acho que quem ama tem medo de perder. Esse medo de perder pode ser vivido de muitas formas, e o ciúmes é uma delas.

Mas será que podemos afirmar com certeza o contrário? Se tem ciúmes, ou se tem medo de alguma perda, existe necessariamente amor? No caso dos crimes passionais, há uma avalanche de ciúmes e um medo de perder a honra, que implica no homicídio da mulher amada. Será que podemos chamar isso de amor?

Embora eu acredite que não existe amor sem medo de perder, me preocupa os possíveis efeitos de se considerar o amor indissociável do ciúme. Isso abre espaço para que se trate o ciúme como prova de amor. Abre espaço para romantizar e naturalizar tentativas de controle, de cerceamento da liberdade, de violências físicas e psicológicas.

Do outro lado, quem pensa que o amor não é compatível com o ciúme está pensando que o ciúme necessariamente corresponde às possessividades, controles e violências.

E isso não leva em consideração que a gente pode dar diferentes destinos àquilo que sentimos. Quem sente ciúmes pode estar sentindo um legítimo medo de perder algo valioso, e não precisa transformar esse medo num ímpeto de restringir a liberdade de seu amado.

Embora eu ache muito simpática a ideia de aproximar o amor e a liberdade, pois nos convida ao exercício de amar o outro por quem ele é, fico preocupada com os efeitos dessa criminalização dos ciúmes.

  • Recebo na clínica diversas pessoas não-monogâmicas que se sentem seres humanos terríveis por não ter conseguido erradicar seu ciúme.

Se enxergam como pessoas de menos valor, o que aprofunda a insegurança e vulnerabilidade, intensificando ainda mais o ciúmes. Se os novos ideais amorosos subversivos se tornam tão rígidos quanto os ideais tradicionais, também serão fontes de profundo sofrimento.

Ciúmes excessivos, embora sejam expressões de um medo de perder, podem, paradoxalmente, ajudar a produzir a perda tão temida. O ciumento teme a perda do amor, mas muitas vezes ele mesmo assassina o amor ao aproximá-lo cada vez mais de um dos seus pares opostos: o ódio.

A radical ausência de ciúme, por sua vez, se for sinônima de uma extinção de qualquer medo de perder, também implica no fim do amor, o aproximando de seu outro par oposto: a indiferença.

Pra quem gostou do texto — e ficou com gostinho de quero mais —, a Mariana aprofundou ainda mais nesse episódio do Podcast Bom dia, Obvious. 🎯

POST DA SEMANA
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