saudade

bom dia. se você tivesse uma máquina do tempo, pra qual memória você voltaria?

saudade

bom dia. se você tivesse uma máquina do tempo, pra qual memória você voltaria?

O amor é como um grão
FIRST THINGS FIRST

(Imagem: Flickr | Reprodução)

O amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão
Nossa semeadura
Quem poderá fazer aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Dura caminhada
Pela noite escura

Drão!
Não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão
Estende-se infinito
Imenso monolito
Nossa arquitetura
Quem poderá fazer aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Cama de tatame
Pela vida afora

Drão!
Os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão
Não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Se o amor é como um grão
Morre, nasce trigo
Vive, morre pão
Drão!
Drão!

A música “Drão” foi composta por Gilberto Gil em 1981, quando o cantor estava no processo de separação com sua ex-esposa, com quem conviveu por 13 anos e teve 3 filhos.

  • Falando com serenidade sobre o processo duro do fim de uma relação, a canção é considerada uma das mais pessoais do repertório do artista.

Longe do amargor da maior parte das músicas que falam sobre términos, a letra é uma parábola sobre um amor que não morre — mas se transforma. Assim como o trigo, que nasce, vive e renasce de novo.

Em vez de pensar que aquele amor de tantos anos foi embora, ele prefere dizer que o sentimento virou outra coisa. Diferente da paixão que existia lá no início, mas ainda precioso.

Além disso, ao comparar a relação com um “grão que morre pra germinar”, a música escancara uma verdade dolorosa: às vezes, o fim é necessário para que o amor continue vivo.

  • Aliás, pensando na miudeza das nossas recordações, quando o tempo passa, o que nos resta são apenas grãos de areia.

E à medida que o passado vai ficando mais distante, fica cada vez mais difícil segurar esses pedaços de memória. Aí a gente aperta forte, mas aos poucos restam só alguns grãos.

Ainda assim, é possível dizer que o verdadeiro amor é vão”. Afinal, “quem poderá fazer aquele amor morrer, se amor é como um grão? Morre, nasce trigo. Vive, morre pão”.

O passado é eterno
BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL

(Imagem: VSCO | Reprodução)

Há mais de 15 anos, a Bruna foi morar em Belo Horizonte. Isso aconteceu quando seu pai e sua mãe faleceram, mas ela prefere marcar o tempo pela mudança de cidade.

Ela também sempre encontrou conforto em suas memórias. Não raras as vezes foi instigada a falar sobre seus pais, contando casos que a colocavam em um lugar especial de recordações.

Mas os anos estão se passando. E já se foram mais de 15. E tem doído muito pra Bruna perceber que esse passado já está tão longe.

  • Vez em sempre, ela se pega pensando que uma “injeçãozinha nova” de memórias não custaria nada.

Só pra dar um gás para os próximos anos, sabe? É que, vocês devem sentir também, as memórias parecem areia nas mãos… A gente aperta forte pra não escorrer, mas aos poucos sobram só alguns grãos.

E ela está numa aflição danada, porque ainda é muito nova, e tem uma vida longa pela frente, o que quer dizer que novos passados vão deixar seu passado familiar ainda mais distante.

Daí outro dia, ela leu em um livro incrível que “o passado é eterno”. Tá. Então tá. O passado pode até ficar longe, mas ele não vai embora.

  • Nada nunca vai poder tirar o passado da Bruna. Nem mesmo o tempo. Então ela só precisa continuar segurando forte os grãozinhos de areia que lhe restam.

Vez ou outra, então, como não pode conseguir memórias novas, ela gosta de contar a história de alguns desses seus grãozinhos, pra ver se eles ficam mais agarrados nela.

Um dia desses, uma grande amiga da Bruna perguntou “como era a sua mãe?”. Ela amou a pergunta, e lembrou que a Si amava Seal, Dido, Gorillaz e Tribalistas — os 4 CDs que marcaram a sua infância.

Ela também lembrou que a sua mãe assistiu os 4 Star Wars com seu irmão, e que ela amava Harry Potter. A Bruna acha que ela gostava de cozinhar, ou apenas cozinhava por precisar.

A Si costurava e bordava, comprava roupa, sapato e bolsa, e era enlouquecida por tomar sol. Gostava de Skol, mas ficava chateada porque o pai da Bruna não acompanhava.

  • Ela falava que era atleticana, mas era só pra fazer média com os filhos, porque não entendia nada de futebol.

A mãe da Bruna tinha cabelos anelados, e não deixava ninguém encostar neles porque dava frizz. Chamava seu marido de Gija, seu filho de Gojija e a Bruna de fofolete.

Falando sobre o seu pai, a Bruna se sente “mais filha dele” toda vez que escuta música. Sorte a dela: quase o dia inteiro, todos os dias.

Ele não era artista, só arranhava um pouco na gaita, mas as caixas de som do seu escritório eram de causar inveja em qualquer grande DJ por aí.

A Bruna lembra que, na época, como uma pré-adolescente típica, sentia até certa vergonha. Ela pensava: “o pai de todo mundo está ouvindo sertanejo, e o meu prefere Pink Floyd e Novos Baianos?”.

  • Mas ela também se lembra de morrer de satisfação quando ele colocava Simple Plan ou Maroon 5 bem alto no carro.

Enfim, os anos se passaram, o gosto musical da Bruna foi mudando. Mas, apesar de se considerar bem mais eclética que o seu pai, ela é “muito filha dele” quando escuta suas músicas: sempre bem alto.

Inclusive, no ano passado, ela finalmente foi ao show do Alceu Valença, e só pensava: “tomara que esteja tão alto quanto o meu pai gostaria, pra ele me ouvir cantando lá do céu”.

Depois de todos esses relatos, a Bruna acha que é mentira essa história de que não existe máquina do tempo.

  • Ou talvez ela tenha inventado uma e ninguém saiba. Essa máquina não é irreparável, mas as vezes é tão potente que atravessa a Bruna por inteiro.

Aí ela fica por lá e fantasia. Fantasia como seria se não se existisse passado, como seria se ele fosse, na verdade, tudo. O presente e o passado e o futuro ao mesmo tempo.

Ouvindo a música certa e vendo algumas fotos antigas, ela ativa a sua máquina do tempo. E transformando essas histórias em memórias, a Bruna comprova a citação do livro: o passado é mesmo eterno.

E dando ainda mais vida para as memórias, aqui estão algumas fotos — e uma linda declaração — pra esses grãozinhos de areia da história. 🫀

Tudo vale a pena 🌻
EDITOR’S PICK

(Imagem: We Heart It | Reprodução)

Se não virar amor, vira poema. Aproveite o clima gostosinho de domingo, siga as nossas dicas e seja feliz! ✨

  1. Como funciona a cabeça de uma mulher? Pra tentar decifrar esse mistério, é só escutar esse podcast aqui. 🎧

  2. Experiente nas histórias de amor, a estagiária disse que leu esse livro em uma sentada — e achou uma delícia. 📚

  3. Pra quem adora uma pipoquinha, a nossa dica é correr pro cinema pra assistir “Homem dos Sonhos”, produção da A24 que faz uma sátira sobre a cultura da fama. 🍿

  4. Os Millennials lembram dessa. Muita gente assistiu esse clipe na infância ou na pré-adolescência, mas depois de mais velho ele parte corações. 💔

  5. Pá-pum. Contando com a cremosidade da burrata, a suculência do tomate e o salgadinho do presunto de parma, essa obra de arte em forma de sanduíche fica pronta em menos de 5 minutos. 🥖

  6. Existe idade pra ser feliz? Se o passar dos anos te assusta, esse álbum pode melhorar a sua percepção. 🥹

Lugar certo na hora certa 🫶
POWERED BY THE JAMS

De formas completamente diferentes, a música sempre pulsou forte na vida da Clara e da Sofia.

A Sofia cresceu escutando MPB e era aquela criança destaque no coral da escola. Cantava pra todo mundo que via na frente — na manicure, na padaria, pra mãe, pro pai e pro tio.

Pra Clara, a relação com a música começou pela performance. Na pré-adolescência andava toda “montada” em casa, imitando as coreografias da Shakira e fingindo ser a Amy Winehouse.

  • Mas, como na sua família ninguém era muito musical, ela nunca enxergou que a música pudesse realmente ser um dom seu.

Performando pra todos da sala ou só arranhando no chuveiro, as duas começaram a fazer aula de canto. Nesse meio tempo, também perderam a vergonha e colocaram alguns vídeos no Instagram.

Até que, em um dia completamente aleatório, elas foram parar no mesmo happy hour.

Um amigo em comum estava com um violão na mão e sugeriu que elas cantassem juntas. Tentando encontrar um meio termo entre o Djavan e a Dualipa, elas escolheram uma música do Jack Johnson.

Começaram a ensaiar juntas e cantar onde eram chamadas. Fizeram shows pros pais da Clara e pra família da Sofia. Cantaram em aulão de spinning, aula de culinárias e festas em Belo Horizonte.

Até que elas foram se profissionalizando e receberam um convite pra cantar no Festival Planeta Brasil, que reúne grandes nomes da música brasileira.

Aí a coisa foi ficando séria, e chegou a hora de investir nas autorais. A Clara sempre gostou de escrever, e a Sofia sempre teve um lado melódico, o que foi a combinação perfeita para as composições.

  • Deram o pontapé inicial e começaram a lançar as músicas autorais em 2019, com letras beeeem pessoais sobre suas experiências.

Com o lançamento do álbum, elas foram parar no show do Coldplay (é sério). Naquele estádio com milhares de pessoas, as duas ficaram anestesiadas com tudo que a música fez na vida delas.

A gente podia ficar horas contando essa historia, mas assistir esse vídeo é melhor do que qualquer palavra. De um encontro despretensioso, elas foram parar no the jams — e continuam transformando amor em música. ❤️

O que você achou da edição de hoje?

Você pode explicar o motivo depois de votar

Login or Subscribe to participate in polls.

🎟️ Quer divulgar seu negócio conosco? É só clicar aqui.

A próxima pode ser a sua 💌
FINAL NOTES

Gostou da história que leu? A próxima pode ser a sua. Conte pra gente aquela história de amor que só você sabe e tem dentro de si. Afinal, todo mundo tem a sua.

Envie para: [email protected]

Queremos compartilhar, pelo menos um pouquinho, desse sentimento que você tem aí dentro. Você nunca sabe o que ele pode provocar nas pessoas…

the stories.cc 🧸

Nem sempre com finais felizes, mas sempre verdadeiras. Histórias de quem realmente sentiu algo sincero, diretamente entregues na sua caixa de entrada.

A cada história uma emoção. Sempre aos domingos de manhã, às 08:08.

até domingo que vem!

Sempre chegamos a sua caixa de entrada por volta das 08:08. Alguns servidores de e-mail são teimosos e atrasam… Outros são piores ainda e nos jogam para o spam e/ ou promoções. Sempre que não nos encontrar na caixa de entrada, procure nessas duas.