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domingo: 09 de novembro: como já dizia adélia prado, "o que a memória ama, fica eterno. te amo com a memória, imperecível."

saudade
como já dizia Adélia Prado: “o que a memória ama, fica eterno. te amo com a memória, imperecível.”

Não dá para ler a edição de hoje antes de dar play nesta música aqui. 🥹
FIRST THINGS FIRST
Sonhos

(Imagem: Getty Images)
Tudo era apenas uma brincadeira
E foi crescendo, crescendo, me absorvendo
E de repente eu me vi assim completamente seu
Vi a minha força amarrada no seu passo
Vi que sem você não há caminho, eu não me acho
Vi um grande amor gritar dentro de mim
Como eu sonhei um dia
Quando o meu mundo era mais mundo
E todo mundo admitia
Uma mudança muito estranha
Mais pureza, mais carinho mais calma, mais alegria
No meu jeito de me dar
Quando a canção se fez mais clara e mais sentida
Quando a poesia realmente fez folia em minha vida
Você veio me falar dessa paixão inesperada
Por outra pessoa
Mas não tem revolta não
Eu só quero que você se encontre
Saudade até que é bom
É melhor que caminhar vazio
A esperança é um dom
Que eu tenho em mim, eu tenho sim
Não tem desespero não
Você me ensinou milhões de coisas
Tenho um sonho em minhas mãos
Amanhã será um novo dia
Certamente eu vou ser mais feliz
A música “Sonhos”, de Peninha, que também ficou famosa na voz de Caetano Veloso, fala daquele amor que chega sem pedir licença — e, quando se vai, leva com ele uma parte daquilo que fomos.
A letra é um retrato da entrega: aquela que faz o mundo mudar de cor, o coração bater diferente e a vida parecer mais viva.
Há um brilho novo nas coisas, como se amar fosse uma forma de enxergar o mundo pela primeira vez.
Mas, como o amor é uma aposta arriscada, esse encanto também é frágil: basta um sopro de realidade para que a magia se desfaça no ar, deixando apenas o eco do que poderia ter sido.
Como diz a letra, logo agora que “a poesia fez folia em minha vida, você veio me falar dessa paixão inesperada por outra pessoa.”
Mas é justamente aí que está o ponto de virada da música. Em vez de rancor e acusação, Peninha canta que “não tem revolta não; eu só quero que você se encontre.”
A saudade, aqui, não dói como ferida, mas pulsa como prova de que algo foi verdadeiro. É uma canção sobre o amor que não precisa durar para ser grande e sobre a beleza de ter vivido o que se sonhou.
Carlos Drummond de Andrade disse que “não há falta na ausência porque a ausência é um estar em mim.”
Gilberto Gil cantou que “o verdadeiro amor é vão / estende-se infinito, imenso monolito.” Afinal, se o que existiu foi verdadeiro, quem poderá fazer aquele amor morrer?
No fim, “Sonhos” é uma despedida serena. Uma promessa de que a dor também passa, o tempo devolve o fôlego e o coração, mesmo cansado, ainda é capaz de acreditar no amanhã.
Finalizando com as palavras da Adélia Prado: “o que a memória ama, fica eterno.
Te amo com a memória, imperecível.”
BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL
Tudo que fomos

(Imagem: VSCO)
Na semana em que o mundo se enche de velas, flores e lembranças, no Dia de Finados, o silêncio parecia falar mais alto. Há quase 6 meses, Paulo partiu. E, desde então, Roberta carrega uma mistura de saudade e gratidão.
Escrevi estas palavras dias depois da morte do meu ex-marido. Estávamos separados há três anos, mas ele foi meu primeiro amor, daqueles que chegam avassalando tudo, deixando marcas que nem o tempo apaga. Nosso relacionamento foi intenso, desgovernado, bonito e cruel. Mas esta não é uma história sobre mágoas. É sobre o amor que resistiu ao fim, sobre tudo o que fomos e o que ficou, mesmo depois de tudo.
Ela não sabia se o que havia escrito era um desabafo, uma carta ou uma tentativa de despedida — talvez fosse tudo isso junto. Só sabia que escrever ainda lhe parecia a única forma de aliviar o que apertava por dentro.
Fazia tempo que seus caminhos haviam se separado. A história dos dois terminou em silêncio, depois de muitos ruídos. Não houve gritos, nem discussões. Apenas a constatação triste de que aquilo que antes fora amor já não encontrava mais abrigo e paz.
O adeus aconteceu num dia daqueles em que o chão se abre sem aviso — e a vida nunca mais volta a ser a mesma.
Houve dor e decepção, mas, com o tempo, o que restou em Roberta não foi mágoa, e sim compreensão e perdão: uma vontade imensa de ver o Paulo bem, mesmo não sendo mais sua missão cuidar dele de perto.
O que os separou talvez tenha sido a forma como cada um abrigou a dor dentro de si. Paulo carregava feridas profundas — algumas ela conhecia, outras jamais conseguiu entender.
Roberta tentou ser abrigo e cura, mas foi se perdendo na tentativa de salvá-lo. No fim, foi a queda que a devolveu a si mesma.
Apesar de tudo, ela o amou de verdade, com todas as forças. Lutou por ele até o último instante possível. Mas essa não é uma carta sobre finais. É sobre memória, afeto. Sobre tudo o que eles foram.
Dias antes, Roberta encontrara algumas fotos antigas. Em várias, Paulo a olhava com aquele brilho nos olhos. Eles tiveram uma história — e como tiveram.
Desde o fim de julho de 2008, quando uma confusão com um baterista terminou com ela recebendo metade de uma baqueta — o símbolo improvável do começo de um amor. Foram quase treze anos juntos.
Havia também o fusquinha branco, o som nas portas e no porta-malas, os “flashbacks” românticos dos anos 80 que ele dizia serem a verdadeira música. Jurava ter nascido na época errada.
Ela, por sua vez, reclamava que aquelas músicas lhe davam sono — e então revezavam com os sertanejos que ele também aprendeu a gostar.
O rolê preferido dele era simples: andar por horas, música alta e rum com coca. E, como tudo em Paulo, sempre com excesso. O exagero era sua marca, sua forma de existir.
Ele era cheio de manias e paixões curiosas. Gostava de olhar o céu à noite, como quem buscava respostas entre as estrelas, acreditando de verdade que não estávamos sozinhos no universo.
Falava com convicção sobre alienígenas, teorias da conspiração e ria alto assistindo Os Simpsons — mil vezes o mesmo episódio, mil vezes a mesma gargalhada.
A insônia o acompanhava desde sempre. Às vezes, parecia que sua mente não sabia descansar: cheia de ideias, lembranças e inquietações.
Roberta sentia falta daquela energia caótica, da teimosia apaixonada. Ele era o tipo que não mudava de ideia por nada, mas ela conhecia seu coração — e sabia o quanto era bom.
Paulo sempre foi muito amado: pela mãe, pela família e pelos amigos. A mãe dele, aliás, havia dado tanto amor a Roberta que se tornara uma segunda mãe. Doía vê-la enfrentar mais uma perda.
Todo mundo que o conhecia sabe que ele viveu tudo de forma intensa, como se tivesse gastado suas sete vidas por aqui.
Era curioso pensar que justo ele, que tanto temia a morte, partiria tão de repente — como as irmãs, que também se foram cedo. Roberta se perguntava se ele as teria reencontrado, se teria recebido aquele abraço de que tanto sentia falta.
Ela gosta de imaginar que sim. Que ele encontrara a paz que tanto buscava, a alegria que o tempo lhe negara. Que Deus o havia acolhido nos braços e que agora, de algum lugar, ele olhava por todos.
Hoje, Roberta segue a vida com o coração em paz. Encontrou o amor novamente: um companheiro que respeita o seu passado e caminha com ela no presente. Paulo também havia encontrado alguém, de energia bonita, por quem ela sinceramente torcia.
Agora, ele é silêncio, vento leve, lembrança viva nos cantos da memória. Roberta espera que Paulo esteja em paz — com aquele sorriso grande, livre do peso que carregava aqui.
Ele foi intenso, foi caos e carinho, foi dor e amor e foi humano. E, mesmo com todas as falhas, deixou marcas bonitas nela. Obrigada por ter feito parte da minha vida. Eu sempre vou te amar.
ENQUETE DO THE STORIES

(Imagem: the news)
Uma nova pesquisa, conduzida por pesquisadores da Austrália e Nova Zelândia e publicada no Biology of Sex Differences, sugere que os homens se apaixonam mais rápido do que as mulheres — e com mais frequência.
Em média, eles tendem a cair de amores cerca de um mês antes das parceiras. Os autores, que analisaram jovens entre 18 e 25 anos, sugerem que a responsabilidade de demonstrar comprometimento para atrair recai sobre os homens.
O resultado mostrou ainda que os homens se apaixonam com um pouco mais de frequência, mas as mulheres tendem a ser mais intensas romanticamente e a passar mais tempo pensando de forma “obsessiva” no parceiro. Curioso é que 30% dos homens disseram se apaixonar antes mesmo do namoro ser “oficial”.
Você acha que os homens se apaixonam primeiro? |
RESULTADO DA ÚLTIMA ENQUETE
48,67% de vocês (275 pessoas) votaram que SIM, já tiveram uma premonição de amor?
Abaixo, uma resposta de destaque por opção:
→ (Sim) “Eu e meu marido tivemos. No nosso segundo encontro, ele falou que me amava kkkkk e depois me explicou que ele só disse porque tinha certeza que quando me conhecesse mais, iria me amar — e por ele ser meu marido, podem presumir que deu tudo certo 😂❤️”
→ (Não) “Ler a definição de premonição de amor e a história da Amanda e do Eduardo me fez perceber que o que eu achava ser amor era apenas fogo mesmo kkkkk”
→ (Já, mas deu errado depois. 😂) “Eu conheci alguém incrível há três anos. Saímos juntos umas três ou quatro vezes. Desde o primeiro momento, eu tinha certeza de que seria ela, tivemos bons momentos de alegria, rindo de piadas idiotas e sem graça. Masss nós dois acabamos nos enrolando na vida de adultos e não nos falamos mais. 🤣”
EDITOR’S PICK
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(Imagem: We Heart It)
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CARTA ABERTA
Dispostos que se admiram

(Imagem: VSCO)
Se eu acreditasse em astrologia, diria que a gente nasceu para dar errado. Ele, capricorniano, com o mapa inteiro em terra. Eu, geminiana, com vento até nas ideias que ainda nem pensei.
Eu sou carnaval; ele, calma de domingo. Ele é o silêncio que organiza; eu, a palavra que desarruma. Ele é o copo meio vazio; eu, o meio cheio. Às vezes, a gente troca de lado só para ver o outro bem, só para ninguém morrer de sede.
Ele acorda às quatro e meia, como quem tem um trato com o sol. Eu acho que o despertador é uma forma elegante de crueldade para quem ama sonhar. Mas entre o meu sono e a pressa dele, inventamos um tempo que não existe só para a gente se encaixar: o nosso.
Ele é firme; eu sou o “será?”. Ele pisa sabendo onde; eu tateio o chão com cuidado. Ele precisa de planos; eu lido bem com o acaso e gosto da beleza do caos. E talvez seja por isso que a gente funciona.
Desde o primeiro encontro, ele sabia que não queria ir embora. E eu, que sempre fui tão boa em partidas, comecei a me atrapalhar com o “adeus”. De repente, fui ficando. Fiquei sem perceber e fiquei sem querer ir. Fui tirando as roupas da mala em vez de colocá-las.
No meio das diferenças, o que é bonito é o respeito inegociável. O olhar que não tenta mudar, só cuidar. Aprendi a ouvir o silêncio porque, com ele, o silêncio não dói.
Só precisa existir, sem precisar ser preenchido. E, quando não há silêncio, há música — de todo tipo.
A gente se parece na serenidade de compreender o universo um do outro. Na vontade de atravessar o que é estranho sem perder o que é próprio. Não sei se acredito em opostos que se atraem, mas comecei a acreditar nos dispostos que se admiram. Nos que se olham e pensam: “é diferente, mas é bonito assim, quem sabe eu queira ficar. Quem sabe eu aprenda?”
Este texto, escrito antes de eu ter coragem de dizer sim, é só uma confissão disfarçada: eu já estou caidinha — e feliz por estar. Porque, sem perceber, comecei a gostar da calma de domingo sem perder a alegria pelo carnaval.
Um dia, se eu deixar o medo ir embora, eu mostro para ele. E se não, foi bom viver tudo isso.
- CIAC
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RODAPÉ
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