saudade do que ainda não vivemos

pode contar seus segredos ao vento, mas depois não o culpe por espalhar para as árvores. felicidade baixinha pode ser melhor.

Recado para a pessoa amada

FIRST THINGS FIRST

Bilhete

Se tu me amas, ama-me baixinho

Não o grites de cima dos telhados

Deixa em paz os passarinhos

Deixa em paz a mim!

Se me queres,

enfim,

tem de ser bem devagarinho, Amada,

que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

Conhecido como “poeta das coisas simples”, Mário de Miranda Quintana (1906 - 1994) utilizava de linguagem fluida e irônica em seus textos — igual a uma newsletter que vocês conhecem (risos).

No poema transcrito, o título já dá um ar inocente de “bilhetinho de amor” e apresenta uma visão de relacionamento bem distante das paixões arrebatadoras que os filmes e livros costumam glorificar.

  • No caso, o “eu lírico” — termo que designa o pensamento de quem está narrando o poema — quer ser amado baixinho: sem post no Instagram ou declarações públicas de amor. Para ele, um relacionamento deve ser vivido a dois e é essencial respeitar o espaço do outro.

Há quem prefira as palpitações no peito e demonstrações públicas de afeto, mas Mário Quintana gostava de deixar o romance em off. Cada um é cada um…

Se você gostou, aqui estão outros poemas do artista — aproveite e mande pro crush que brigou com você porque não teve post no dia dos namorados (risos).

BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL

Ela quase foi…

Márcia tem 46 anos e se aposentou como enfermeira em um hospital público. Sem marido e sem filhos, divide seu apartamento de 2 quartos com um gato chamado Bóris — que tem sido sua única (e mais fiel) companhia desde que a pandemia começou.

Antes da quarentena, Márcia cuidava de seus sobrinhos às segundas-feiras, tomava chá da tarde com as amigas nas quartas e encontrava a turma do baralho nos finais de semana. Duas vezes por ano, juntava suas economias e ia pra Cabo Frio — dizendo que só se sentia em casa no sal da areia.

Tudo isso mudou, exceto os encontros com os sobrinhos. Por insistência de um deles, Márcia resolveu criar uma conta no tal “aplicativo de relacionamento”, achando aquilo tudo uma besteira e já com a certeza de que o amor nunca se faria presente na tela do celular.

Depois de algumas mensagens não muito agradáveis, Márcia se deparou com um rosto conhecido que iniciou o chat perguntando: “se lembra de mim?” e Márcia lembrou.

  • Era Afonso, seu amigo da época de escola, que a atrapalhava nas lições de casa e almoçava todos os dias na casa da Dona Zizi (mãe de Márcia).

Afonso já estava careca, tinha ganhado uns quilinhos mas continuava com o sorriso sapeca que Márcia se recordava. Ele disse que ela não mudou nada. Contou que seus dois filhos já estavam formados e que se divorciou há 5 anos.

Lembraram-se dos tempos de escola, conversaram sobre a novela e deram notícias de todos os ex-colegas que tiveram contato nos últimos anos.

Márcia dizia que o amor não era pra ela, mas quando se deu conta, acordava pensando em Afonso e ia dormir com o coração acalentado de saber que amanhã ele continuaria se fazendo presente no seu dia a dia — e se isso não é amor, o que é?

A rotina dos dois passou a ser o contato pelo celular: acordavam juntos, almoçavam juntos e passavam o dia planejando o encontro para quando a pandemia acabasse, as viagens para a praia e o baralho que Márcia ia ensinar Afonso a jogar.

A quarentena foi se prolongando e enquanto o encontro não acontecia, Márcia e Afonso ficaram cada vez mais dependentes do “bom dia” um do outro. Até que um dia ele não apareceu.

Orgulhosa que só ela, Márcia resolveu não mandar mensagem, esperando que logo ele daria notícias. Não deu.

Depois de três dias de longa espera, Márcia resolveu ligar e uma voz de mulher atendeu. Danada da vida, Márcia disse que queria falar com Afonso.

A moça se apresentou como Júlia e contou que o velório de seu pai acontecera no dia anterior — acidente de carro. Pediu desculpas de não ter avisado sobre o enterro e perguntou quem estava falando.

Márcia, sem saber o que dizer, respondeu: sou…. Quase. Quase tudo. Desligou o telefone com o coração apertado de saudade daquele amor que “quase foi” e dormiu sonhando com tudo que poderia ter sido e não foi.

Lazy sunday 😴

EDITOR'S PICK

Segunda é o dia internacional das mudanças. Aproveite o domingo para listar o que pretende fazer de diferente esta semana. Mas comece na segunda. Hoje pode deitar no sofá, na cama ou no tapete da sala e seguir nossas dicas… 😜

  1. Quem não gosta de romances de época? A HBO disponibilizou o sucesso Adoráveis Mulheres, adaptação de 2019 do best seller “Mulherzinhas” - considerada a melhor adaptação do clássico, concorreu a 6 oscars e ganhou a estatueta de melhor direção de arte. 🎞️

  2. Quer fazer um café da manhã especial sem sair da dieta? Esta panqueca de banana é uma ótima opção. Corre que dá tempo de acordar o crush com a surpresa. 🥞

  3. Tomou gosto por poema? Já esperando que o nosso #MomentoCult te inspiraria, selecionamos alguns do livro O que o Sol faz com as Flores de Rupi Kaur no nosso instagram @thestories.cc. Se ficar com gostinho de quero mais, é só aproveitar a oferta. 📚

  4. Gostou das ilustrações da edição? Tivemos o toque cool & criativo da Elisa Bax, que mostra mais do seu talento em seu perfil pessoal.🎨

  5. Novidade fresquinha e de qualidade. Saiu no Spotify a música fala (tô te querendo) - Clara x Sofia e Clara Valverde. Pode colocar no replay. 🎶

Chegou hoje? Leia as outras duas edições anteriores. (i) A primeira de todas e (ii) Vai ganhar na loteria.

A próxima pode ser a sua 💌

FINAL NOTES

Gostou da história que leu? A próxima pode ser a sua. Conte pra gente aquela história de amor que só você sabe e tem dentro de si. Afinal, todo mundo tem a sua.

Envie para: [email protected]

Queremos compartilhar, pelo menos um pouquinho, desse sentimento que você tem aí dentro. Você nunca sabe o que ele pode provocar nas pessoas…

the stories.cc 🧸

Nem sempre com final feliz, mas sempre verdadeiras. Histórias de quem realmente sentiu algo sincero diretamente entregues na sua caixa de entrada.

A cada história uma emoção. Sempre aos domingos de manhã, às 08:08.